Valdir Pereira da Rocha, 36, foi preso no mês de julho pela Operação Hashtag, que tinha como objetivo eliminar qualquer tentativa de ação terrorista durante os Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro, no mês de agosto.
Outras 11 pessoas foram detidas durante a operação.
Nesta sexta-feira (14), Valdir foi espancado até a morte por detentos na Cadeia Pública de Várzea Grande, no Mato Grosso. Segundo informações dos funcionários do presídio, Valdir foi cercado por detentos dentro de sua própria cela. Ainda não se sabe a circunstância que gerou as agressões.
Valdir havia se entregado voluntariamente no dia 22 de julho. No dia 16 de setembro, a Justiça Federal determinou que ele fosse solto com o uso de tornozeleira. Porém, havia uma ordem de regressão de pena contra o rapaz, determinada pela Justiça de Mato Grosso.
A Operação Hashtag gerou polêmica pela imagem do Ministro da Justiça, o tucano Alexandre de Moraes. Sem provas concretas sobre o envolvimento dos presos em suposta atividade terrorista, Moraes chegou a ser criticado pelo próprio presidente Michel Temer (PMDB) nos bastidores, por não saber lidar com a operação de forma adequada. Esse foi o primeiro caso de conflito entre o Ministro da Justiça e Temer.
A operação que prendeu Valdir só foi possível graças a aprovação da lei anti-terrorismo no Congresso Nacional, que foi sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Partidos como PSDB, DEM e o próprio PMDB foram os principais idealizadores da lei, que em determinado momento chegou a preocupar até mesmo os movimentos sociais e de Direitos Humanos, pelo fato de incluir em “atividades terroristas” ações de vandalismo praticada em manifestações contra o patrimônio público e privado.
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Até o momento, a suposta ligação entre os presos e o Estado Islâmico ou qualquer grupo terrorista internacional não foi comprovada.
Mês passado, a Agência Democratize entrevistou o empresário e ativista Ali Sadi, que criticou a forma como a Operação Hashtag aumentou os casos de islamofobia no Brasil.
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Fonte: Democratize.