A frustração da Maratona Cultural e a sustentabilidade da arte independente em Florianópolis

    frustracaoO cancelamento da apresentação do Abayomi e diversos outros grupos da Maratona Cultural, a poucos dias do evento, por problemas de última hora no repasse de recursos públicos, deixou muitos artistas bastante frustrados e gerou inúmeras queixas na internet.

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    Esse episódio mostra de forma explícita o que todos já sabem: não há interesse, público ou privado, em promover políticas culturais amplas. Aqui, a opção do poder público em promover um evento de grande porte parece realmente atrair mais pela visibilidade que proporciona, mas nem mesmo isso é feito de uma maneira convincente quando trata dos grupos locais. Enquanto atitude política está demonstrado mais uma vez que nada mudou, continuamos no mesmo deserto. A Maratona Cultural foi uma maneira emblemática para mostrar os problemas essenciais de sustentabilidade das propostas culturais e artísticas na nossa sociedade, que não são novos nem exclusivos da nossa cidade.

    A discussão política e a articulação da classe é importante e necessária, e também é importante uma reflexão sobre a forma de enxergar o trabalho para encontrar respostas diferentes. Diante desse cenário, estratégias de auto-produção e geração de recursos parecem fazer parte do currículo de qualquer artista cujo trabalho não siga obrigatoriamente os interesses do mercado. Não é viável hoje pensar em projetos artísticos e culturais de longo prazo sem dedicar um bom tempo e energia em atividades paralelas que gerem os meios para produzir a própria arte.

    A força política vem da relevância e alcance do trabalho. Vem da capacidade e alcance da comunicação, que depende das nossas redes sociais que, em tempos de internet, não dependem de ninguém mais além de nós próprios, os sujeitos envolvidos. A sustentabilidade de qualquer proposta artística depende de visibilidade, espaço e apoio das pessoas. Nossa atuação enquanto artistas independentes depende dessas três frentes: a formação do público através da visibilidade do que fazemos; a criação de espaços para arte e cultura, que podem ser uma zona autônoma temporária (Bey); e o apoio dado pelas pessoas que acreditam na proposta e são sensibilizadas pela mesma. Esse é um dos caminhos possíveis para o trabalho que tem que ser feito para assegurar a nossa permanência no tempo.

    Internet, ocupação de áreas públicas, colaboracionismo, redes autônomas e espontâneas, artesanato digital, horizontalidade nas relações, lideranças emergentes e transitórias, comunhão espiritual e afetiva, pós-capitalismo.

    Criatividade e mais energia.

    Paixão e um pouco de fé também.

    Continuemos fazendo!

    Fonte: http://www.abayomi.art.br/apresentacoes/maratona-cultural-e-sustentabilidade/

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