Convidados: Dr. Daniel Omar Perez, professor de filosofia pela UNICAMP e psicanalista, e Dra. Maria de Lourdes Borges, professora de filosofia pela UFSC.
Coordenação e apresentação: Evânia Reich, Dra. em Filosofia pela UFSC.
O amor com sua dor de amar é um tema que perpassa o tempo. Desde a filosofia antiga já se falava no amor. O banquete de Platão é provavelmente a obra primeira que aborda a significação do amor. De lá pra cá, com ou sem o romantismo, o amor sempre foi tema da literatura, da filosofia e da psicanálise. Já no início de sua existência, Freud, o pai da psicanálise, vai abordar o tema do amor, através da sua dor. Com os conceitos de luto e melancolia, Freud trata tanto da perda de um ente querido, através da morte, quanto da perda do bem-amado. No primeiro caso o sujeito sofre um processo de enlutamento, e no segundo uma melancolia.
O luto da pessoa que amamos ou o abandono do amado é um dos caminhos mais exemplificadores para compreendermos a dor mental. É uma dor insuportável que nos leva “ao afastamento daquilo que constitui a atitude normal para com a vida”, diria Freud. Um desanimo profundamente penoso se instaura no sujeito que perdeu seu ente amado. Uma diminuição da autoestima quando se trata do abandono, e uma perda de interesse pelo mundo externo quando há a morte física do ser amado.
Mas, o que perdemos quando nosso amor vai embora? Que perda é essa que nos causa tanta dor? O que é que no rompimento com o laço amoroso dói tanto e mergulha o eu no desespero? Essas são questões que tentaremos elucidar.
Freud nos presenteia com essa lindíssima reflexão: “Nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos, nunca estamos tão irremediavelmente infelizes como quando perdemos a pessoa amada ou o seu amor”. O paradoxo do amor é que embora seja a condição constitutiva da natureza humana, nos traz inevitavelmente sofrimento. Quanto mais se ama, mais se sofre.