Por Gessica Borges.
A história é repleta de personalidades negras que foram importantes nas mais mais diversas áreas, apesar das adversidades.
São pessoas pioneiras que fizeram história e muitas delas talvez você não conheça! Então venha com a gente: vamos viajar pelo biografia de 21 personalidades negras famosas.
As mulheres negras revolucionárias da história
1. Harriet Tubman (1822 – 1913)
Decidiu realizar o seu plano quando tinha 27 anos de idade e, contrariando os pais, fugiu da fazenda onde era mantida. Além de ter conseguido escapar, aos poucos foi planejando e realizando viagens de resgate para ajudar também a sua família, amigos e conhecidos. Mais de 70 famílias foram ajudadas por Harriet, que conhecia todos os macetes para escapar dos senhores.
Durante a Guerra Civil Americana (1861 – 1865), ofereceu-se para servir, foi espiã e comandou 150 soldados liderando as tropas do norte contra os soldados do sul. A operação conhecida como Ataque no Rio Combahee conseguiu a libertação de mais de 700 escravos dos Confederados. Tornou-se um símbolo americano de liberdade e coragem e seu rosto passará a estampar a nota de vinte dólares no ano de 2020.
2. Maria Firmina dos Reis (1825 – 1917)
Com 22 anos de idade, foi aprovada em um concurso para ser professora na cidade. E então, já assumia uma posição antiescravagista. Seu primeiro livro, Úrsula, foi lançado doze anos depois, quando Maria já gozava de algum prestígio como professora. Foi o primeiro romance publicado por uma mulher no país, e também o primeiro antiescravagista.
Chegou a publicar mais contos e um livro de poemas e fundar uma escola mista e gratuita para atender aos pobres da região (escândalo na época), mas com o tempo foi esquecida, e depois recuperada pela pesquisa de um historiador paraibano na década de 1960.
3. Dandara de Palmares ( ? – 1694)
Não se sabe a sua data nem local de nascimento, mas acredita-se que ela tenha nascido no Brasil e desde muito nova vivido no Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, região onde agora atualmente encontra o Estado de Alagoas. Teve três filhos com Zumbi e lutou em muitas guerras de resistência contra os colonizadores até que foi capturada e morta por eles, junto a outros quilombolas, em fevereiro de 1694.
4. Tia Ciata (1854 – 1924)
Tia Ciata, como ficou conhecida, era mãe de santo (Candomblé), quituteira, empreendedora, partideira e, posteriormente, Matriarca do Samba, por ter cedido a sua casa, no centro do Rio de Janeiro, para as rodas de samba, até então um ritmo proibido no país, que deram espaço ao surgimento de grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha.
Ganhava a vida vendendo quitutes, fazendo consultas em sua religião e organizando essas festas que tornaram-se tradicionalmente famosas na cidade. O primeiro samba de sucesso gravado no Brasil, em 1917, chamava-se “Pelo Telefone”, e foi gravado na casa de Tia Ciata.
5. Angela Davis (1944)
No fim da adolescência Ângela conseguiu uma bolsa para estudar filosofia em Nova York, onde conheceu ideais socialistas e passou a militar em favor dos direitos civis, igualdade de gêneros, entre outras causas. Quando tinha por volta de 20 anos, associou-se ao partido dos Panteras Negras, chegou a ser uma das dez pessoas mais procuradas no país pelo FBI, mas depois foi inocentada de todas as acusações.
Desde então, Ângela é símbolo de resistência negra, acadêmica respeitada nos estudos étnicos e de gênero. Em 1977-1978 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.
6. Sueli Carneiro (1950)
Autora de dois livros e artigos sobre raça, gênero e direitos humanos publicados no Brasil e no mundo, foi uma das pessoas responsáveis pela defesa constitucional da implantação de cotas raciais nas universidades brasileiras. Atualmente é referência do Movimento Negro nacional e nome incontornável no assunto nos campos políticos e acadêmicos.
7. Shonda Rhimes (1970)
Ela cresceu no subúrbio, em uma família com mais seis irmãos, a mãe era professora e o pai administrador em uma universidade. Formou-se em inglês, e trabalhou com publicidade por um tempo para pagar as contas, mas a sua paixão sempre foi a escrita. Começou a escrever para a TV em meados dos anos 1990 e foi alcançando o sucesso aos poucos.
Hoje Shonda é a autora de várias séries de sucesso, como Grey’s Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder.
As personalidades negras que influenciaram a história do mundo
8. Kwame Nkrumah (1909 – 1972)
Educado em uma escola católica durante a sua infância, na juventude partiu para o EUA formando-se em teologia e fazendo um mestrado em filosofia. Foi desenvolvendo as suas ideias de um continente africano livre e desenvolvido até que ajudou a fundar o Pan-Africanismo.
Aos 38 anos retornou ao Gana, seu país de origem, já como um político respeitado. Aos poucos, foi recrutando pessoas para sua causa: implantar um autogoverno no país, na época colônia do Reino Unido. Gana foi o primeiro país africano a tornar-se independente em 1957 e a luta e ideais de Nkrumah inspirou líderes africanos e negros em todo mundo pela conquista de liberdade.
9. Malcolm X (1925 – 1965)
Era bom aluno, mas com a família desestruturada, a mãe posteriormente internada acusada de ter problemas mentais, e o descrédito de professores a respeito de sua inteligência o levou à vida do crime, pelo qual foi preso aos 20 anos de idade, em 1945.
Na prisão, passou a se dedicar muito à leitura e foi convertido pelo irmão à religião islã. Assim que saiu da prisão, oito anos mais tarde, traçou uma carreira meteórica como líder religioso, por sua inteligência, retórica, oratória e capacidade de conversão de pessoas para a religião. Influenciou muito com as suas ideias o movimento dos Panteras Negras, na década de 1960.
Devido a conflitos com membros de sua própria religião, acabou por ser morto em fevereiro de 1964, assim que voltava de uma viagem que havia transformado os seus ideais de luta por liberdade, e logo após a criação da Organização da Unidade Afro-Americana: grupo não religioso e não sectário criado para unir os afro-americanos.
Quer saber mais sobre Malcolm X? Leia a sua biografia completa.
10. Michael Jackson (1958 – 2009)
Aos onze anos já era a estrela principal da banda e vocalista, após embarcou em uma carreira solo como seu primeiro disco, Off the Wall, que vendeu cerca de sete milhões de cópias. Na época tinha 21 anos de idade. Frequentemente citado como o maior ícone negro de todos os tempos, sua genialidade artística abriu barreiras para outras pessoas negras se tornarem famosas.
É o artista mais premiado de história da música popular, e sua biografia repleta de polêmicas envolvendo sua mudança de aparência, proximidade com crianças, vida privada luxuosa e outros o tornaram um nome eterno da cultura popular. Michael morreu por overdose de remédios aos 51 anos de idades, menos de um mês antes de iniciar uma turnê mundial.
Saiba mais sobre a trajetória de Michael Jackson lendo a sua biografia completa.
11. Jesse Owens (1913 – 1980)
Com 17 anos de idade já praticava atletismo na escola, destacando-se nas provas de corrida. Com 20 anos de idade quebrou recordes mundiais e se classificou para as Olimpíadas de 1936, que marcaria a sua vida para sempre.
Na época, Hitler estava no poder e usou os Jogos Olímpicos de Berlim como propaganda nazista, tentando provar a superioridade dos arianos sobre outras raças. Infelizmente para o Führer, no campo do atletismo, uma das provas mais valorizadas da competição, um grupo de americanos liderou o quadro de medalhas, com Jesse Owens merecendo destaque por levar quatro medalhas de ouro.
Sua performance é até hoje lembrada como a mais emblemática da história dos Jogos Olímpicos justamente por ter sido um negro o destaque da competição que deveria servir como propaganda racista para a Alemanha nazista.
12. Bob Marley (1945 – 1981)
Sempre gostou de música e ainda adolescente formou sua banda com alguns amigos, incluindo o enteado do seu padrasto, do segundo casamento da mãe. Sua primeira música grava foi “Judge Not”, composta pelo próprio, quando tinha 17 anos de idade.
Com 18 anos já era sucesso nacional, e no começo da década de 1979, quando Bob tinha por volta de 27 anos, sua forma única de cantar, as letras sobre os problemas sociais jamaicanos e o novo estilo, reggae, chamou a atenção do mundo e o transformou em um ícone negro, especialmente para adeptos do movimento rastafári.
Morreu jovem, aos 36 anos, em decorrência de um câncer de pele.
Quer saber mais? Acesse a biografia completa de Bob Marley.
13. Muhammad Ali (1942 – 2016)
Com 18, foi campeão olímpico em Roma e passou a traçar uma carreira meteórica no boxe, que o levou a ser considerado um dos maiores esportistas de todos os tempos. Das suas 62 lutas, venceu 57, 37 delas por nocaute.
Extremamente polêmico, e muito inteligente, foi preso depois de se recusar a servir o exército americano na Guerra do Vietnã e teve grande influência no movimento negro americano na década de 1960, depois que se converteu ao islamismo. Era amigo de Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Considerado um dos primeiros esportistas a unir sua carreira profissional à política, denunciou o racismo americano durante toda a sua vida, tornando-se símbolo nacional, e sendo condecorado com diversos prêmios pela paz. Morreu aos 74 anos, vítima do agravamento de um mal de Parkinson descoberto quando ele ainda tinha 42 anos de idade.
Leia aqui a biografia completa de Muhammad Ali.
14. Nelson Mandela (1918-2013)
Nasceu uma uma família tribal nobre, mas recusou-se a assumir a chefia da tribo, optando por estudar na capital, Joanesburgo e dar seguimento em sua carreira política.
Em 1944, junto com Walter Sisulo e Oliver Tambo, fundou a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA), que se tornou o principal instrumento de representação política dos negros. Na faculdade, começou a sua militância antiapartheid, que na época separava os brancos dos negros do país, colocando o segundo grupo em situação de inferioridade social, cívica, política.
Com 26 anos ajudou a fundar a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA), que se tornou o principal instrumento de representação política dos negros sul-africanos. Foi preso por 26 anos pelos seus ideais e quatro anos após ser libertado conseguiu eleger-se presidente do país.
Morreu aos 95 anos de causas respiratória, como símbolo máximo de luta sul-africana pela união e a paz.
Conheça a trajetória de Mandiba em sua biografia completa.
Os mais importantes homens negros brasileiros
15. Luiz Gama (1830 – 1882)
Nasceu livre, filho de pai branco, de família portuguesa, e mãe negra, mas foi escravizado aos 10 anos de idade e assim permaneceu até o final da adolescência, quando advogou pela sua própria liberdade, conseguindo-a.
É considerado um dos raros intelectuais negros do Brasil do século XIX, quando a escravidão ainda era legal e o país vivia sob uma monarquia. Mesmo sem formação, exercia advocacia, principalmente para libertação de pessoas negras escravizadas ou acusadas de algum crime. Também foi jornalista, e escritor, publicando “Primeiras Trovas Burlescas” (1859 e 1861), mesmo tendo aprendido a ler apenas no final da adolescência.
Morreu em decorrência de diabetes e seu enterro em São Paulo foi acompanhado por milhares de pessoas que o seguiram em cortejo fúnebre por quilômetros fazendo do acontecendo um dos eventos mais marcantes da história da cidade, segundo historiadores.
Saiba mais aqui sobre a história de Luiz Gama.
16. Zumbi de Palmares (1655 – 1695)
Foi no quilombo que aprendeu técnicas de defesa e o espírito de liderança que teve de usar mais tarde, nas batalhas de resistência que enfrentou contra capitães que queriam destruir o quilombo para recuperar mão de obra escrava. Defendeu o quilombo por 18 anos, até que depois de sucessivas batalhas foi traído por um de seus companheiros, capturado, decapitado e teve sua cabeça exposta em praça pública, uma estratégia do governador de Pernambuco para desmentir a crença de que era imortal.
Em razão da sua morte em 20 de novembro, anualmente neste dia é comemorado no Brasil o Dia da Consciência Negra.
Conheça a trajetória completa de Zumbi dos Palmares.
17. Machado de Assis (1839 – 1908)
Trabalhou como aprendiz de tipógrafo e teve seu primeiro conto publicado aos 16 anos de idade. Frequentando livrarias, tornou-se amigo de outros escritores e nunca mais parou de escrever, tornando-se o nome mais conhecido da literatura brasileira no mundo inteiro.
Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e sua obra “Dom Casmurro” (1899) é uma das mais traduzidas do mundo. Em várias de suas obras dedicou-se às críticas sociais, como a burguesia e a escravidão.
Quer saber mais? É só acessar a biografia completa de Machado de Assis.
18. Grande Otelo (1915-1993)
Adolescente já atuava na mesma companhia em que Pixinguinha era maestro. Era um assíduo frequentador dos bairros da Lapa, fez trabalhos nas principais rádios e emissoras nacionais. Sua parceria com Oscarito tornou a dupla a mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro.
Na época em que era a proibida a entrada de negros pela porta da frente do Cassino da Urca, foi o primeiro a fazê-lo, na companhia da atriz e dançarina norte-americana Josephine Baker.
Órfão de pai, mãe alcoólatra, uma das esposas suicidas, tornou-se um dos nomes eternos do audiovisual brasileiro.
Saiba mais aqui sobre a vida de Grande Otelo.
19. Pixinguinha (1897-1973)
Seu pai era flautista e com apenas treze anos o menino já compunha músicas. Com quinze, tornou-se músico pela orquestra do Teatro Rio Branco. Com o tempo o garoto fez partes de importantes grupos musicais da década de vinte, como o Caxangá, saiu em turnês internacionais e ganhou fama como um dos maiores músicos que o Brasil já teve, em uma época em que músicos negros são subvalorizados no Brasil.
“Carinhoso” seu arranjo mais conhecido, com composição de Orlando Silva, é considerada uma das obras mais importantes da música popular brasileira.
Conheça mais sobre Pixinguinha em sua biografia completa.
20. Abdias Nascimento (1914 – 2011)
Engajado com o Movimento Negro Brasileiro em seu início, na década de 1940. Foi ele quem criou o Teatro Experimental do Negro, importante companhia artística nacional. Exilou-se no EUA durante a ditadura, lecionando em universidades americanas, foi deputado federal e senador.
Entre os mais de 20 livros escritos, destaca-se “O Genocídio do Negro Brasileiro – Processo de um racismo mascarado”, de 1978.
21. Milton Santos (1926 – 2001)
Formou-se em direito, mas a sua paixão sempre foi a geografia, e foi assim que em 1958 concluiu um doutorado em Geografia na Universidade de Estrasburgo, na França. Conduziu paralelamente às suas atividades acadêmicas atividades públicas, como jornalista principalmente, e também na política, defendendo ideais de esquerda.
Foi preso pela ditadura militar, mas conseguiu exílio na França. Ficou 13 anos fora do Brasil, lecionando em universidades europeias, americanas e africanas, até retornar consagrado ao país em 1977. Tem mais de 20 títulos de doutor honoris causa no Brasil e o no mundo e é o único geógrafo latino-americano a ser homenageado com o prêmio Vautrin Lud, em 1994, considerado o Nobel da Geografia.