Agência critica explicação dos EUA sobre operação secreta em Cuba

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Diante da recente deflagração de uma operação secreta dos Estados Unidos para provocar insurgências anticomunistas no território de Cuba, a agência de mídia independente estadunidense 21st Century Wire, que publica notícias e opiniões de colaboradores e temas de todo o mundo, criticou, com veemência, as explicações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, United States Agency for International Development, em inglês) sobre o caso.

Em texto assinado pelo mestrando em Política Internacional na City University London (Universidade da Cidade de Londres) Stuart J. Hooper, são exigidas desculpas. No início deste mês, o Governo de Cuba descobriu e desbaratou uma operação secreta da USAID, que recrutava jovens procedentes da Venezuela, Costa Rica e Peru desde 2009. A pretensão era estimular potenciais agentes desestabilizadores da política nacional e coletores de informação valiosa para o Governo dos EUA, fomentar oposição e propiciar um colapso do governo cubano.

Hooper desconsiderou a declaração da USAID de que a agência estaria “comprometida em apoiar o desejo do povo cubano de determinar livremente seu próprio futuro”, ironizando que a agência estadunidense estaria se referindo a um “futuro determinado e favorável ao próprio governo dos Estados Unidos”. Na sua opinião, a USAID agiu com audácia ao dizer em comunicado que a operação não era secreta ou encoberta. “Se é assim, é preciso perguntar: por que a ajuda estadunidense não prosseguiu e colocou um letreiro que dizia: ‘Recrutamento para a rebelião’, no lugar de ‘Escritório de prevenção do HIV’?”, provoca.

De acordo com a publicação, as tentativas dos EUA de derrocarem governos soberanos é um grande problema do país, ainda mais quando mina, por completo, o trabalho de programas e organizações de ajuda autênticos. “Agora, o membro mais confiável e decente desses grupos pode ser suspeito de fazer algo em nome de outros, ou, no melhor dos casos, terá de suportar perguntas dos moradores locais, como ‘você trabalha para a CIA?’”, destacou Hooper, referindo-se à Agência Central de Inteligência (CIA, Central Intelligence Agency), do governo estadunidense, responsável por investigar e fornecer informações de segurança nacional do país.

Prejuízo às reais iniciativas de ajuda

O texto chama a atenção para os problemas que esse tipo de recurso pode acarretar nas relações com financiadores de iniciativas da sociedade civil organizada. Para Hooper, a possibilidade do envolvimento dos EUA exerce pressão tanto sobre doadores quanto sobre receptores de verba para projetos, levantando obstáculos diante desses esforços de ajuda a grupos desfavorecidos em todo o mundo. Soma-se a isso a probabilidade de debilitar a posição de todas as organizações não governamentais e prejudicar, severamente, a própria reputação da USAID.

“Em vez de tratar de justificar o que fez, a USAID deveria emitir uma desculpa por colocar em perigo a vida desses jovens e por embarcar no que só pode ser descrito como uma missão temerária. A USAID, sem dúvidas, nem sempre ajuda, mas, quando as operações clandestinas como essas são tão descaradas, a USAID nunca pode ajudar”, conclui.

Fonte: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=82082

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