Dilma Roussef tomou duas trombadas dentro de “casa”. A primeira delas o chanceler Anthony Patriot (que alguns chamam de Antônio Patriota), um corpo estranho num governo que pretende a integração latino-americana, pelo menos no discurso e no papel, na prática é outra coisa. A segunda com a declaração do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva legitimando o golpe no Paraguai S/A, empresa controlada por latifundiários brasileiros cognominados de brasiguaios, ao declarar que o novo governo, o governo golpista, deve ser punido até que realize eleições em abril do próximo ano.
Manoel Zelaya foi deposto em junho/julho de 2009. O rito “constitucional” traçado na madrugada por forças golpistas, e as eleições em seguida legitimando o golpe. Pepe Lobo foi eleito. Está enchendo as cadeias de adversários, assassinando pessoas. Há cerca de quinze dias um helicóptero norte-americano cedido ao governo de Lobo para o combate ao tráfico de drogas disparou contra uma embarcação lotada de civis. Crianças, idosos, homens e mulheres. Matou mais de trinta pessoas. No dia seguinte um comunicado oficial falou em “equívoco”, “inquérito para apurar responsabilidades” e “pedido de desculpas”.
As prisões começam a ficar lotadas na empresa Paraguai S/A, sob controle de latifundiários brasileiros que lá residem e possuem terras. Os brasiguaios.
O golpe em Honduras, num primeiro momento, foi condenado pelo presidente dos EUA Barack Obama. Em dois ou três dias o líder republicano John McCain levou lideranças políticas do país ao Congresso norte-americano e legitimou o golpe à revelia do presidente. Daí para a frente faltou a Obama peito para reverter a situação. Peito e vontade.
Os brasiguaios diante da reação de Dilma Roussef, condenando publicamente o golpe e das sanções políticas inócuas adotadas pelos países do MERCOSUL, chamaram não John McCain, mas Álvaro Dias, senador tucano e irmão do governador do Paraná. É pelo porto de Paranaguá que o latifúndio paraguaio/brasileiro exporta grãos, principalmente soja.
Dilma ainda não entendeu que está sendo enrolada pelas beiradas e no centro do mingau está o seu chanceler, absolutamente sem compromisso com qualquer processo de integração latino-americana, mas subordinado aos interesses dos EUA e seus acionistas (bancos, grandes corporações sobretudo de armas, petróleo).
Ao olhar as pesquisas a presidente não vê por trás dos muros, pintados com elevados índices, as incoerências de seu governo e o precipício à frente. Vai tocar o barco de olho na reeleição em 2014.
A partir de abril de 2013 abre as portas ao consórcio BRASILGUAI S/A.
O que há naquele país é simples. As elites políticas e econômicas paraguaias são subordinadas aos interesses de grandes corporações do agronegócio e sustentadas politicamente pelo latifúndio brasileiro, base do governo de Dilma. Há dois dias Kátia Abreu, senadora e chamada de “miss moto serra”, defendeu abertamente a reeleição de Dilma e agradeceu a decisão do governo de criar linhas de crédito de 115 bilhões para “pequenos e médios” agricultores.
Me chama de pequeno e médio que eu gosto.
Farsa, pura farsa.
De concreto mesmo só a confirmação que a Venezuela faz parte do MERCOSUL. O veto até então era do Senado paraguaio. O Senado, naquele país, é um departamento de PARAGUAI S/A. a Razão social da empresa, aliás, deve mudar – BRASILGUAI S/A.
A nova data cívica a ser fixada vai ter um desfile de latifundiários, seus agregados, os carros alegóricos empurrados pelos camponeses escravos e na última alegoria Álvaro Dias e Kátia Abreu. Breve o novo Código Floresta brasileiro inserido dentro do contexto do Plano Grande Colômbia e Dilma Roussef com Patriot ao lado anunciando que somos uma grande potência.
Potência da ilusão. Do “capitalismo a brasileira”. O representante dos imigrantes brasileiros na corporação BRASILGUAI S/A vai ganhar lugar de destaque no desfile.
Brilhante Ustra já pode ser chamado de torturador. Uma corte de justiça reconheceu que o coronel torturou, assassinou e comandou um esquema brutal e violento durante a ditadura militar, em si, brutal e violenta.
A rateada de Cristina Kirchner deve ter sido inspiração de algum dos chefões da FOLHA DE SÃO PAULO. O jornal brasileiro – mídia de mercado – que chamou a ditadura de “ditabranda”. A FOLHA emprestava seus caminhões para a desova de corpos mortos nos porões da ditadura. A presidente argentina chamou o golpe de “golpe suave”.
Quem se lembrar dos velhos livros de história vai se lembrar da antiga Província Cisplatina, o hoje Uruguai. Pertencia ao Brasil. Lutou e conseguiu sua independência. O Paraguai fez o caminho inverso. As elites políticas e econômicas pegaram o país e entregaram a latifundiários. As contas em bancos estrangeiros devem estar recheadas.
Quem sabe não criam um império e coroam Álvaro Dias imperador e Kátia de Abreu imperatriz? Por que não? Aí não há necessidade de novas eleições e nem riscos de serem derrotados, o que vai criar a obrigação de outro golpe.
Se tiverem pretensões maiores podem aproveitar FHC, disponível para esse tipo de situação. É louco para ser imperador de alguma coisa. Numa entrevista no curso da semana declarou que o Plano Real, implantado no governo Itamar Franco, deveria ter o seu nome, Plano Fernando Henrique. O grande problema do “imperador tucano” é que não conseguiu desgarrar-se do espelho mágico do Palácio do Planalto. Mas, quem não tem Brasil quem sabe acaba sua majestade no BRASILGUAI S/A, empresa voltada para o agronegócio e controlada por latifundiários, DOW CHEMICAL e MONSANTO, entre outros menores?
Tenho certeza que Álvaro Dias e Kátia Abreu (a nova aliada de Dilma) vão se contentar com o título de duque e duquesa. O palácio imperial poderia ser construído no centro de Assunção e ganhar o nome de Palácio Imperial Alfredo Stroessner, em homenagem ao germânico que governou por décadas o extinto país.
Se José Serra perder as eleições em São Paulo pode vir a ser o ministro da Economia, o esquema FIESP/DASLU vai se sentir a vontade no novo consórcio. Sonegação e contrabando, aliadas do agronegócio.
Sem nos esquecermos, é lógico, da base norte-americana, em breve a principal atração turística do BRASILGUAI S/A.
Ah! Podem até criar um novo “vaticano”, concedendo a Edir Macedo o título de papa. Aí fecha o cerco golpista. Nomear Carlos Cachoeira para o Ministério das Obras Públicas, Demóstenes Torres para a pasta da Justiça e nessa faina de construir a nova empresa acham “mão de obra” aos montes no Brasil. William Waack – o preferido de Hilary Clinton – Secretário das Comunicações e VEJA sai do buraco virando diário oficial da empresa. Arnaldo Jabor vai para o Ministério da Cultura.
Uai! Primeiro Maluf e quem chega à frente do cortejo agrotóxico e desmatamento é Kátia Abreu. O que de pior pode acontecer?
Imagem: Tali Feld Gleiser.
Em meio a tudo isto creio que seria interessante uma análise do Forum de São Paulo que aconteceu agora em Caracas