Artista catarinense Renata Swoboda se lança no polêmico-sensato clipe “Meu Dengo”

Renata fecha o ano trabalhando na divulgação do clipe baseado no curta metragem “Em Trânsito”, do cineasta pernambucano Marcelo Pedroso, depois da música "Meu Dengo" ter chegado nos streamings

Imagem: Divulgação

Por Linete Martins e Luiza Coan 

Renata Swoboda é uma cantora e compositora catarinense com larga experiência e muitas histórias para contar. Suas primeiras músicas surgiram enquanto aprendia os primeiros acordes do violão. Quando criança, a família se mudou para os Estados Unidos e lá Renata absorveu o soul e o grunge, grandes influências para seu som.

Mistura sonora é uma experiência de liberdade, tal qual o significado do seu sobrenome Swoboda, em tcheco. “Quem carrega liberdade no nome produz músicas improváveis, com espaço para o espontâneo e para o improviso”, versa a artista em seu press kit.

Renata tem algumas experiências expressivas para contar: seu primeiro videoclipe “De Quando” ganhou destaque na programação da saudosa MTV e logo pisou em palcos cariocas como revelação da Nova MPB da época no Festival Oi Levada. Na sequência, foi convidada para abrir os shows de nomes como Gal Costa, Simone, Angela Roro, Maria Gadú e vários outros artistas da nossa música.”Essa foi uma oportunidade de ouro mesmo, na época nem tinha streaming e os clipes valiam muito. Esse negócio de bombar na MTV me rendeu fazer shows maravilhosos. Então, além de amar muito videoclipes, já que sou filhote da MTV, eu sempre penso na música e na contraparte visual, na comunicação mais completa possível”, comenta Renata.

Dito isso, ela trabalha na divulgação de mais um clipe. E também um som novo e inédito, feito com toda a liberdade de tempo possível. “Meu Dengo” versa sobre amores e desamores em tempos de política que nos separa.

Deste dia onde começou a música para seu lançamento, foram mais de 10 anos de experimentos sonoros e um agravamento extremo na polarização política do Brasil.Foi só num rolê pelo nordeste que finalmente a música achou suas camadas. “Eu estava em busca da psicodelia nordestina perfeita, por isso fui para Pernambuco, meu país. Encontrei o Diego Drão, um baita tecladista maluco-virtuoso e disse: é isso, é ele! Então fui ver ele tocar, depois ele me apresentou o trio dele, Joia Rara. Me apaixonei por todos e fomos pro estúdio. Deixei os caras bem livres pra botar seu molho dentro da música”, explica Renata. “Foram muitos anos tocando e experimentando essa música… chegou uma hora que ela já tinha tantas camadas e ideias que foi só sentar com a guitarra por uns dias no verão da Paraíba (na casa do baterista VictoRama), e organizar direitinho a forma, a intro, instrumentação, psicodelias e aquele riff de grand finale”, complementa

O resultado é uma mistura que varia entre termos como MPB Marginal e POP chapado. É como se Alcione tivesse dado um tempo em Olinda fumando um beck com algum gringo muito doido. Uma prensa de música brasileira, nordestina e do mundo. “A intenção foi transbordar a loucura pura que existe na minha cabeça, no ser humano, na politicagem, nessa farsa”, finaliza.

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“Meu Dengo”

“A história do clipe é muito interessante, pois eu estava numa amostra de curtas em Recife e dois clipes meus foram exibidos. E eu me apaixonei pelo curta “Em Trânsito” do Marcelo Pedroso, na hora eu falei é isso! A música Meu Dengo fala sobre isso! Anos e anos apostando na indústria automobilística, carros, petróleo… uma hora tudo ia pegar fogo!”, comenta Renata. “Uns dias depois perguntei para o Marcelo se podia fazer uma releitura do curta para fazer um videoclipe da música e ele topou na hora, foi um queridão”, complementa.

O videomaker Felipe Maciel, parceiro de Renata, que já fez outros trabalhos visuais com ela, pegou a missão de condensar o curta em um clipe para a canção. Fazendo uso do contraste do preto & Branco, a canção de amor política se transforma em um grito contra várias presenças no nosso modo de vida; O individualismo, a necessidade da posse, do ter e também um pouco da ironia política presente no curta. “Ele conseguiu manter a narrativa do curta original e ainda foi inventivo com novas ideias. o que importa é que ficou a contraparte visual perfeita para mensagem da música”,exalta Renata.

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Ficha Técnica:

Música: Rafa Oliveira e Renata Swoboda

Gravada em Recife no Casona 

Técnicos: Rodrigo Arau?jo e Leticia Arruda

Produção punk jazz: Renata e Joia Rara

Batera hard core: Leonn Inácio (Pernalonga)

Teclas e notas improváveis: Diego Drão

Baixaria elegante: Rafael Bigode Bernardo

Mixagem: Caio Muniz

Master: Alécio Costa

Clipe por Felipe Maciel (A partir de imagens do curta “Em Trânsito”, de Marcelo Pedroso.

Acompanhe a Renata Swoboda no instagram.

Imagem: Divulgação(release com texto de Diego Pessoa)

Bate-papo com Renata Swoboda

Pergunta: 

Renata, esse é o trabalho que marca o seu ano de 2024. Conte pra gente sobre o processo criativo em torno desse trabalho, desde a importância do lançamento, até fatos importantes na trajetória até a composição chegar ao streaming e, agora, a apresentação do clipe de “Meu Dengo”.

Renata Swoboda:

“Muitas camadas”

Caramba tem tantas camadas, que eu gostaria de destacar desse trabalho! Primeiro é o imenso orgulho e satisfação do resultado: essa música existe há muitos anos e eu, finalmente, encontrei nessa viagem para o nordeste a batida perfeita, o arranjo perfeito que ficou de um jeito que até me surpreendeu. E que surpreendeu muita gente! O que eu recebi de galera na positividade, surpresa e vários tipos de elogios, realmente eu não esperava. Então, inclusive é um destaque também a própria viagem para o nordeste, que era um desejo que eu tinha desde a faculdade, quando os professores falavam sobre a importância cultural de Pernambuco no nosso país e eu precisava muito de sair de um fundo de um poço, de um aquário profundo. Eu tava precisando muito dessa viagem e, principalmente, conhecer o lado que salvou o Brasil, né?

“Do sertão ao litoral agreste”

Essa música fala sobre isso: o cansaço político. Parece um Fla-Flu, a gente sempre fugindo do pior, sempre fugindo dos projetos mais esdrúxulos, dos machistas mais escrotos. Isso cansa! Ser uma artista mulher independente cansa. Olha, foi um perrengue danado dar a volta por cima, reconhecer a queda e não desanimar. Eu precisava conhecer esse nordeste e, principalmente, Pernambuco. Fui passar dois meses e fiquei quase um ano conhecendo do Sertão ao litoral agreste. E ainda ficou o gostinho de quero mais! É um lugar que, olha, ficou com metade do meu coração. Pretendo voltar sempre! E ainda tive a maior surpresa de todas, que foi encontrar a parte visual para a música. Quando a coisa tá conectada, tudo se conecta.

“Vitória da arte independente”

Quando a coisa conflui é inacreditável! O videoclipe simplesmente saiu, tá ganhando destaque nacional nos maiores blogs de música, que eu sigo há anos e mais admiro e respeito. Essa vitória também vai para todas as artistas independentes, mulheres que se produzem, que compõem, que não aceitam qualquer coisa, que vão até onde tiver que ir para para realizar um bom trabalho e fazer um som incrível. Essa vitória também vai para o meu amigo e compositor dessa canção, Rafa Oliveira

Nos dois últimos meses da minha viagem, eu ainda tava terminando a música. Foi tanto perrengue! Eu botei tudo, apostei tudo nela, que eu tava ficando em qualquer lugar. Estava ficando no barraco, que basicamente não tinha nem descarga no banheiro. E olha como tudo é muito louco: eu fiz essa música com um amigo durante a faculdade de música e ele tava fazendo parte de todo o processo de gravação da produção dessa música. Só que ele faleceu um pouco antes da música ficar pronta. São tantas camadas de emoção, de tudo! Já não sei nem explicar o que é cósmico e o que é cármico.

Assessoria de Imprensa