Por Denise Assis.
No próximo dia 12 de dezembro, às 9h30, em cerimônia solene, a Academia Brasileira de Ciências entregará ao Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva a sua maior comenda: a Medalha Henrique Morize, que leva o nome do fundador da instituição. O almirante foi um dos idealizadores do submarino nuclear brasileiro e é reconhecido mundialmente pelos seus conhecimentos na área – motivo, supõe-se, de toda a trama em torno do seu nome.
A homenagem chega 10 anos depois do início dos trabalhos da “Operação Lava Jato”, cujos tentáculos alcançaram o almirante em plena atividade para viabilizar o submarino nuclear, cuja função seria o patrulhamento da nossa costa, após a descoberta do pré-sal, que tanto incomodou os EUA.
O Almirante Othon chegou a ser condenado a 43 anos de prisão, dos quais cumpriu 601 dias. Porém, em março de 2022, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região reduziu a pena para 4 anos, 10 meses e 10 dias de prisão. Othon Luiz Pinheiro da Silva é ex-presidente da Eletronuclear e foi arrolado no processo conhecido como “Operação Radioatividade”.
A operação, ramificação da Lava Jato, veio a público anunciar, na ocasião, que havia desvendado “um esquema de corrupção nas obras de construção da usina nuclear de Angra 3”. O almirante foi preso em junho de 2015 em consequência dessa trama. Após a decisão do TRF-2, a pena de reclusão foi substituída por duas restritivas de direitos. O julgamento da 1ª Turma Especializada do TRF-2, que reduziu sua pena, foi concluído em 31 de março de 2022. Ele ainda luta na Justiça e aguarda o arquivamento.
Othon foi condenado em primeira instância em agosto de 2016 – em pleno processo do golpe contra a presidente Dilma Rousseff –, pelo (agora afastado pelo Conselho Nacional de Justiça) juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que o acusava dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, embaraço às investigações, evasão de divisas e organização criminosa. Foi a primeira sentença do braço fluminense da Operação Lava Jato.
Hoje, o juiz Bretas está totalmente desmoralizado, acusado de favorecimento ilícito ao negociar acordos de delação premiada junto com o Ministério Público Federal (MPF) para negociar sentenças, combinar estratégias e orientar advogados. Enquanto isso, o almirante segue sendo homenageado pelos serviços prestados ao país.
Hoje, Othon leva uma vida reclusa, principalmente depois da morte de Maria Célia, sua companheira da vida inteira, que se foi em janeiro deste ano. (Abaixo, o comunicado feito em setembro ao Almirante Othon sobre sua escolha para receber a medalha).