Jornalistas e lideranças sociais pedem a Lula ruptura das relações com Israel

Faltam assentos aos que compareceram à sede do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, na capital do estado, ontem à noite, para o ato contra o genocídio na Palestina. O ato, que pedia, em sua convocatória, cessar-fogo já, o fim do genocídio e solidariedade ao jornalista Breno Altmann, uma das personalidades brasileiras mais perseguidas pelas organizações sionistas no Brasil, e que afirmou que “Lula tem razão”, foi convocado, além do Sindicato dos Jornalistas, pela FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas, FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, CUT – Central Única dos Trabalhadores, UNE – União Nacional dos Estudantes, ABI – Associação Brasileira de Imprensa, CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, FNDC – Frente Nacional pela Democratização da Comunicação, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

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Representantes de outras organizações ligadas à comunicação e da sociedade brasileira em geral, ao movimento de solidariedade à Palestina e ao movimento social ocuparam todas as cadeiras do auditório e parte dos presentes assistiram ao ato em pé. Um sucesso, segundo os organizadores. O ato foi aberto com as manifestações iniciais dos representantes das entidades organizadoras. A mesma foi desfeita ao término de suas manifestações e outras duas foram construídas para que as demais organizações presentes a integrassem.

O ato foi encerrado com a fala do jornalista Breno Altman, a declamação de poema do consagrado poeta palestino Mahmud Darwish pelo refugiado palestino de Gaza Rafat Alnajjar e a leitura, pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas de SP, Thiago Tanji, de carta endereçada ao presidente Lula e a ministros de seu governo, na qual relatam a matança de jornalistas na Palestina, notadamente na Faixa de Gaza, que totalizam mais de 100, a maior de todos os tempos, e pedem o fim dos acordos de cooperação com Israel, bem como a ruptura das relações diplomáticas do Brasil com o regime sionista israelense.

Confira na íntrega o manifesto:

Manifesto dos Jornalistas Brasileiros:

ISRAEL, PARE DE MATAR
JORNALISTAS PALESTINOS!
Cessar-fogo já! Basta de genocídio do povo palestino!

Ilmo. Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
Ilmo. Sr. Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Roberto Severo Pimenta
Ilmo. Sr. Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
Ilmo. Sr. Assessor-Chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Luiz Nunes Amorim
Ilmo. Sr. Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho
Ilmo. Sr. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski
Ilmo. Sr. Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida

Nós, abaixo-assinados, estamos hoje reunidos no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo realizando o Ato Contra o Massacre dos Jornalistas na Faixa de Gaza. Nos encontramos no auditório que homenageia o jornalista judeu Vladimir Herzog, assassinado sob tortura pela ditadura militar, em crime bárbaro que até hoje continua impune.
Na data de hoje, 27 de fevereiro de 2024, o Estado de Israel bombardeia implacavelmente a Faixa de Gaza há 144 dias, matando até o momento cerca de 30 mil palestinas e palestinos, incluídas mais de 12 mil crianças. Há dez dias, o presidente Lula, em Adis-Abeba, capital da Etiópia, disse a verdade que o mundo precisava ouvir: “Na Faixa de Gaza, não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”. Lula tem razão! Vemos diariamente as Forças Armadas mais bem equipadas e treinadas do Oriente Médio atacando crianças e mulheres numa ação explícita de extermínio do povo palestino.
Os jornalistas, no exercício de sua atividade profissional, têm sido alvos específicos da máquina de guerra. A atividade jornalística de simplesmente documentar e reportar fatos mostra-se intolerável para o Estado de Israel. Segundo a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), nestes 144 dias de ataques contra Gaza, mais DE 100 jornalistas foram assassinados(as). No Estado de Israel e nos territórios palestinos ocupados há dezenas de jornalistas na prisão, na maior parte dos casos sem qualquer acusação. É uma situação sem precedentes de ataque à atividade jornalística, atestado tanto pela FIJ como pelo Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) e outras organizações de defesa da liberdade de imprensa. Ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pelos dados disponíveis, foram mortos 69 jornalistas.
No Brasil, entidades vinculadas ao Estado de Israel tentam censurar vozes contra o genocídio em curso, como se vê nos ataques ao jornalista Breno Altman, diretor do site noticioso Opera Mundi. É o caso também das ameaças à vida do jornalista Andrew Fishman, editor do site noticioso Intercept Brasil. Ambos merecem solidariedade, apoio e defesa das entidades democráticas e das que representam os jornalistas.
Nós, jornalistas e entidades do jornalismo brasileiro, nos manifestamos pelo cessar-fogo imediato na Palestina, e pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Apoiamos a decisão do governo brasileiro de convocar ao Brasil o embaixador brasileiro em Telaviv, Frederico Meyer. Repudiamos os ataques do governo israelense ao Brasil e ao presidente Lula, cujas declarações foram não só corretas, como imprescindíveis.
O Estado de Israel é estruturado por um complexo industrial-militar conectado aos interesses dos Estados Unidos e da União Europeia no Oriente Médio. O Estado brasileiro destina volumosos recursos financeiros para acordos militares de cooperação das Forças Armadas, modernização de equipamentos bélicos e aquisição de insumos de guerra e segurança pública, incluindo treinamento e capacitação da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais. Os métodos israelenses de repressão a protestos populares ensinados nas academias policiais no Brasil, bem como seus respectivos equipamentos, colaboram para que jornalistas sejam alvos de violência policial quando realizam seu trabalho na cobertura de manifestações. Conclamamos o governo brasileiro a aderir à Campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel e, assim, romper todos os acordos e convênios com a indústria militar e as instituições israelenses.
A situação exige que o Brasil rompa relações diplomáticas com o Estado de Israel até o cessar-fogo definitivo na Palestina. É necessário barrar o genocídio imediatamente!

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