Sesc Jundiaí apresenta “CÁRCERE” ou “Porque as Mulheres Viram Búfalos” com a Companhia de Teatro Heliópolis

Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere

Dalma Régia – Foto Rick Barneski

No dia 21 de julho, sexta-feira, a Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos no Sesc Jundiaí, às 20 horas.

No dia 20/7, quinta-feira, o elenco da companhia ministra Oficina de Teatrogratuita, das 19h às 21h, para maiores de 16 anos. As inscrições devem ser efetuadas pelo site do Sesc.

Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere. O enredo parte da história de duas irmãs gêmeas – Maria dos Prazeres e Maria das Dores – com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, foi agraciado com os prêmios: APCA 2022 na categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro 2022 nas categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins na categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022.

A encenação de Miguel Rocha tem as mulheres – mães, esposas, companheiras, irmãs – no centro da abordagem. “São elas que carregam o fardo, que são acometidas pelos desdobramentos do encarceramento de seus parceiros ou familiares, tendo a vida emocional, a segurança física e a situação financeira abalada. A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, argumenta o encenador.

A história das duas irmãs é um disparador no enredo de CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos para revelar o quão difícil é se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem direito a uma nova vida conjugal pelo risco de perder a própria vida. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.

Foto Tiggaz

A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece tanto como uma representação da coletividade quanto um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos nos corpos, nas memórias e nas crenças do(a)s africano(a)s que, escravizado(a)s, fizeram a travessia do Atlântico. Vale ressaltar que a maioria dos encarcerados é de ascendência negra, além de pobres e periféricos. “Nosso propósito é apresentar uma obra que trace o percurso dessas mulheres, pretas e pobres, cujo destino é atrelado ao cárcere, e refletir sobre a situação limite em que o condenado se insere, além de mostrar que o modelo prisional vigente é cruel, discriminatório e não presta à ressocialização”, argumenta o encenador.

Como é característico nas encenações da Companhia, o espetáculo explora as ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere. A música ao vivo (violino, viola, cello e percussão) potencializa esse discurso nas cenas coreografadas que denunciam e evidenciam o cotidiano em questão. O futebol, a comida, as humilhações, a disciplina imposta são passagens que elucidam a ambiguidade da proposta do sistema para a reabilitação daquele que, supostamente, infringiu as regras da sociedade. O encenador explica que “a música e a coreografia têm a força de expor a concretude, a precariedade e a desestrutura do espaço onde o enredo se desenvolve”. O espaço cênico é neutro (predominando o cinza). Apenas alguns elementos cenográficos são contextualizados de forma poética, a exemplo das gaiolas que representam a prisão emocional e psicológica da mulher que sofre indiretamente as consequências do cárcere.

Tanto a apresentação quanto a oficina, realizadas no Sesc Jundiaí, integram o projeto CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos – Circulação, contemplado pelo Edital nº 02/2022 do ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Essa montagem resultou do projeto CÁRCERE – Aprisionamento em Massa e Seus Desdobramentos, que comemorou os 20 anos da Companhia de Teatro Heliópolis, completados em 2020, viabilizado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. A estreia foi em 12/3/2022, na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho, cumprindo temporada também no Sesc Belenzinho, além de participação em vários festivais, entre eles o Festival de Teatro de Curitiba.

FICHA TÉCNICA – Encenação: Miguel Rocha. Assistência de direção: Davi Guimarães. Texto: Dione Carlos. Elenco: Antônio Valdevino, Dalma Régia, Danyel Freitas, Davi Guimarães, Jefferson Matias, Jucimara Canteiro, Priscila Modesto e Walmir Bess. Direção musical: Renato Navarro. Assistência de direção musical: César Martini. Musicistas: Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino) e Jennifer Cardoso (viola). Cenografia: Eliseu Weide. Iluminação: Miguel Rocha e Toninho Rodrigues. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Clara Njambela. Costureira: Yaisa Bispo. Operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Cenotecnia: Wanderley Silva. Provocação vocal, arranjos e composição da música do ‘manifesto das mulheres’: Bel Borges. Provocação vocal, orientação em atuação-musicalidade e arranjos – percussão ‘chamado de Iansã’: Luciano Mendes de Jesus. Estudo da prática corporal e direção de movimento: Érika Moura. Provocação cênica: Bernadeth Alves, Carminda Mendes André e Maria Fernanda Vomero.  Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão. Mesas de debates: Juliana Borges, Preta Ferreira, Roberto da Silva e Salloma Salomão – mediação de Maria Fernanda Vomero. Orientação de dança afro: Janete Santiago. Direção de produção: Dalma Régia. Fotos: Rick Barneschi, Tiggaz e Weslei Barba.  Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis.

Divulgação

Serviço

Espetáculo: CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos

Com a Companhia de Teatro Heliópolis

Dia 21 de julho de 2023 – Sexta, às 20h

Duração: 120 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Experimental.

Ingressos: R$ 10,00 (Credencial Plena), R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 30,00 (inteira).

Vendas: Nas bilheterias físicas da unidades do Sesc, pelo app Credencial Sesc SP e pelo site, no lnk https://centralrelacionamento.sescsp.org.br.

 

Oficina de Teatro: Dia 20 de julho – quinta, das 19h às 21h.

Inscrições: Gratuitas –  Pelo site do Sesc SP. Público: maiores de 16 anos.

Sesc Jundiaí

Av. Antônio Frederico Ozanan, 6600 – Jardim Botânico. Jundiaí/SP.

Tel.: (11) 4583-4900. www.sescsp.org.br.

Facebook – @companhiadeteatro.heliopolis | Instagram – @ciadeteatroheliopolis

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