Depois do ciclone. Por Roberto Liebgott.

O céu azulou
A brisa suavizou
O vento cessou
O pássaro, com seu canto, alegrou

O povo, de novo, animou
O rio baixou
A roupa secou
Mas o lodo todo ficou

O telhado furou
A árvore caiu
A água faltou
A luz elétrica findou

O pobre, outra vez, perdeu
A geladeira fundiu
O fogão se destruiu
A televisão pifou

A cama molhou
O guarda-roupa demoliu
O sofá a enxurrada levou
A mesa não resistiu e caiu

O cão se salvou
O gato sumiu
O vizinho chorou
Dele – também – nada sobrou

A dor permanecerá
A angústia não cessará
Mas a vida, teimosa, vai recomeçar
Assim como o sol, insistentemente – a cada novo dia – nascerá.

Porto Alegre, 16 de julho de 2023

Roberto Liebgott

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