Representantes de organizações sindicais afirmam que este segundo dia de mobilização contra a reforma previdenciária na França é ainda maior do que o realizado em 19 de janeiro.
“É uma das maiores manifestações organizadas em nosso país durante décadas”, declarou Laurent Berger, líder do sindicato CFDT, observando, pouco antes do início da marcha em Paris, que havia “mais gente” nas ruas do que no dia 19 de janeiro, durante a primeira manifestação.
“Em todos os comentários que me chegam, é mais do que no dia 19”, disse na mesma linha seu homólogo do CGT, Philippe Martinez, enquanto Frederic Souillot (FO) colocou uma “barragem”.
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Em toda a França, as primeiras manifestações começaram às 10 da manhã com a mesma rejeição da reforma estelar de Emmanuel Macron e seu adiamento da idade legal de aposentadoria para 64 anos.
Os primeiros números, segundo a polícia, estavam nas mesmas ordens de grandeza que os do dia 19, com, por exemplo, 14.000 pessoas em Rouen (contra 13.000 no dia 19), 12.000 em Le Havre (contra 11.000) ou 28.000 em Nantes (contra 25.000). Mais uma vez, as cidades de médio porte parecem estar na liderança, com 7.000 manifestantes em Alès (Gard, 35.000 habitantes) ou 8.500 em Angoulême (9.000 no dia 19).
A greve foi bem atendida no setor de transportes, com o tráfego de metrô e RER (trem suburbano) “muito perturbado” na região parisiense. Na empresa ferroviária nacional SNCF havia 36,5% de grevistas, em comparação com 46,3% em 19 de janeiro, de acordo com fontes sindicais.
Um quarto dos professores em greve
No sistema educacional nacional, o ministério contou ao meio-dia um quarto dos professores em greve nas escolas primárias (creche e ensino fundamental) e secundárias (ensino médio e bacharelado), um número inferior ao de 19 de janeiro. O Snes-FSU, principal sindicato do ensino secundário, coloca em greve o número de professores do ensino médio e médio em 55%.
Na terça-feira pela manhã, estudantes do ensino médio e universitários se mobilizaram, inclusive no campus de Saint-Charles da Universidade de Aix-Marseille e na escola de pós-graduação Sciences Po Paris.
A CGT anuncia greves de 75 a 100% nas refinarias e armazéns da TotalEnergies. Quanto aos grevistas da EDF, durante a noite eles causaram reduções de carga nas centrais elétricas de “quase 3.000 MWH”, sem no entanto causar nenhum corte, de acordo com a CGT e a EDF.
Algumas prefeituras, tais como as de Paris ou Montreuil (Seine-Saint-Denis), tiveram que manter suas portas fechadas.
Para o governo, a batalha de opinião “está muito comprometida”, de acordo com Frederic Dabi do instituto de pesquisa Ifop: “À medida que os franceses começam a aprender sobre a reforma, o apoio está diminuindo” nas pesquisas.