Por Caio Matos.
No ar desde a última terça-feira (26), a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” já conta com 516.121 adesões até a manhã deste sábado (30). O manifesto é organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e por entidades e representantes da sociedade civil.
A carta foi elaborada como uma resposta aos discursos do presidente Jair Bolsonaro (PL) que atacam o sistema eleitoral e colocam em xeque a segurança das urnas eletrônicas, como os reproduzidos por ele em encontro com embaixadores de 40 países na semana passada. Apesar dos ataques constantes, o presidente nunca apresentou nenhuma evidência de fraude nas urnas e nas eleições.
“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira”, diz trecho da carta.
Desde a sua publicação, o site que hospeda o documento já foi alvo de ao menos 2,4 mil ataques hackers. Pressionado pela alta adesão ao documento, o presidente fez um “manifesto do eu sozinho” no Twitter, em que escreveu: “Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia. Assinado: Jair Bolsonaro”.
O manifesto da Faculdade de Direito da USP também classifica como “intoleráveis” as ameaças de Bolsonaro contra os demais poderes e setores da sociedade civil. Durante a convenção nacional do PL que o oficializou como candidato à presidência da República, o presidente chamou sua militância para uma nova manifestação, em 7 de setembro, para “lutar pela liberdade e pela nossa pátria”.
“Nós somos a maioria, nós somos do bem, nós temos disposição para lutar pela liberdade e pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no sete de setembro, vá as ruas pela última vez. (…) Estes poucos surdos de capa preta [ministros do STF] têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o poder executivo e o poder legislativo”, declarou.
A declaração motivou a abertura do 146º pedido de impeachment contra Bolsonaro, apresentado pelo líder da minoria no Senado Federal, o senador Jean Paul Prates (PT-RN).