Por Thais Rodrigues, para Alma Preta Jornalismo.
“Em geral, quem está no backstage não está nos holofotes, mas somos nós e pessoas como nós que faz esse evento girar”. Produtoras de eventos negras contaram a sua trajetória no Festival Latinidades. O evento, que reúne diversas gerações de ativistas, também gerou um debate sobre a importância das profissionais da cultura. A roda de conversa aconteceu neste sábado (23).
Isis Virgililo, jornalista e produtora, afirmou que o que move o trabalho dela é lutar pelos direitos de profissionais dos bastidores, majoritaramente negros, que estão passando por uma situação difícil devido a falta de investimento do governo Bolsonaro.
“A gente precisa de estrutura para sair da linha da sobrevivência, as pessoas estão vendendo o almoço para ter a janta. Então, enquanto a gente ainda está neste patamar, precisamos nos preocupar. A cultura é um pilar fundamental que não é valoriza e foi completamente destríudo pelo governo Bolsonaro”, disse a produtora.
As produtoras falaram a respeito do machismo e racismo na profissão e como os desafios de assumir trabalhar com arte impactaram a sua trajetória. Segundo Ana Paula Paulino, que trabalha com a MC Carol, do Rio de Janeiro, ela percebeu o quanto o trabalho da artista era desvalorizado por produtores brancos.
“Eles queriam pagar um cachê de R$1500 para uma equipe inteira, ou não queriam vender o show da Carol porque não era rentável. Quando eu comecei a trabalhar com ela, vi a potência que ela era. Ela me transformou e, com certeza, eu também colaborei para o crescimento dela”.
Val Benvindo, jornalista baiana e produtora do evento Humor Negro, ressaltou que poíticas públicas no setor culltural são fundamentais para que profissionais negos se manterem atuando. Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, ela declarou que os recursos de leis como a Paulo Gustavo e a Aldir Blanc, aprovadas neste ano, devem chegar em quem está nos bastidores, como as produtoras.
“Toda política pública que promova qualidade de vida e fortaleça a cultura é bem vinda. Temos muitos profissionais atuando, motoristas, pessoas na comida, na iluminação, no som, na logística. Sem essas pessoas não haveria progressão para o artista. Todos devem ser valorizados”, concluiu.
Edição: Nadine Nascimento