RBA.- O Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores de Curitiba aprovou ontem (11) a cassação do vereador Renato Freitas (PT). O jovem vereador negro foi condenado por participar de um ato político para denunciar o racismo envolvendo a morte do congolês Moïse Kabagambe, no dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro. Durante o ato, os manifestantes entraram na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito. O local é simbólico para a população negra da cidade. Mesmo assim, conservadores da capital paranaense consideraram a ação como desrespeitosa ao culto religioso.
As redes sociais apontam “perseguição absurda” contra Freitas. Ao todo, foram seis votos pela cassação do vereador, que tem cinco dias para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Após verificação nesta instância, para que a cassação seja aprovada, são necessários 20 de 28 votos.
“Apoio ao vereador Renato Freitas, para que continue resistindo e lutando contra a direita racista que tenta tirar seu mandato. A sua permanência na Câmara de Curitiba é para a defesa da democracia e de tudo que ele representa: o povo pobre, negro e periférico”, disse a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, também do Paraná.
O partido também se manifestou oficialmente por meio de nota. “A própria Arquidiocese de Curitiba enviou uma carta ao Conselho de Ética da Câmara (…) que declara que aceita as desculpas de Renato e que é contra a cassação de seu mandato (…) A manifestação de Renato não fere o exercício legislativo e nem a legitimidade do seu mandato. Portanto, a indicação pela cassação só demonstra a perseguição política contra o vereador e sua representatividade dentro da Câmara Municipal”, afirma.
A Arquidiocese se manifestou, como apontou o PT, em favor do vereador. “Percebe-se na militância do vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito.”
Após a votação no Conselho de Ética, Freitas foi recepcionado do lado de fora da Casa por apoiadores. “A Câmara dos Vereadores de Curitiba inaugurou um novo capítulo em sua história. A Câmara, que já conviveu com rachadinha, peculato, desvio de verba pública, funcionário fantasma, acusações de racismo, assédio sexual. Que tem ali dentro, atuando, vereadores que respondem a processos na Comissão de Ética porque estavam entregando cestas básicas com propaganda, comprando votos. Essa mesma Câmara foi perdendo o decoro, perdendo a vergonha”, declarou.
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