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Neste 27 de Julho nascia Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, covardemente assassinada por milicianos que sempre tem como seu argumento o estridente e tedioso barulho das armas. Armas estas que assassinaram também o Padre Jósimo no Maranhão, a irmã Dorothy no Pará e as mesmas armas utilizadas contra tantos mártires da violência estatal que tem recrutado os mais impiedosos carrascos e servos da morte para os seus conglomerados de interesses político-empresariais em detrimento do povo pobre do campo que sempre lutou, não pelo egoísmo e individualidade, mas pelo direito à terra, à moradia e ao pão de cada dia, ou seja: pelos interesses coletivos da sua gente.
O Maranhão tem sido, mais ainda recentemente, um grande palco dos conflitos agrários, onde Jósimos, Dorothys e Gerôs continuam a ser assassinados tanto pela brutalidade policialesca formada pelo Estado como pela lógica latifundiária contra o camponês promovida no Brasil.
Este Manifesto é para lembrar que o povo pobre do Maranhão necessita urgente de proteção, necessita urgente de Segurança Pública, e por Segurança Pública entendemos um direito à vida e proteção dos desfavorecidos. Por Segurança Pública também traduzimos um baluarte popular para a manutenção da democracia, da liberdade de expressão e proteção dos sem terra, sem moradia e sem assistência estatal.
A Polícia deve também ser o elo entre o Povo e o Estado de Bem Estar Social, não podendo agir sem o amparo das demais instâncias de políticas públicas. Não pode servir a uma lógica militarista herdada das incursões bandeirantes que dizimaram povos nativos e pretos. E para isso compreendemos ser também urgente devolver a humanidade dos policiais e construí-la com ênfase em todo o curso de formação para que o povo alcance nestes representantes do Estado a assistência constitucional que o seu ofício público requer.
Ou então, estaremos continuamente condenados a assistir sucessivas tragédias como a do jovem médico, em Imperatriz, assassinado por um agente do Estado; continuaremos a assistir o assassinato de Brunas Lícias, de Gerôs e de jovens autistas como Hamilton César Bandeira, de 23 anos, assassinado após sua casa ser invadida por policiais civis.
Estamos em um tempo decisivo, onde podemos romper com a lógica beligerante da Segurança Pública e servir ao povo e a democracia, no que exigimos ao Governo do Maranhão que cumpra o seu papel e mude a formação policial e devolva assim a paz que nosso Estado, urbano e rural, necessita.
Nosso Luto pelas vidas ceifadas e nosso REPÚDIO ao Governo do Estado do Maranhão por sua negligência e por sua não-atuação ESTRUTURAL no sistema de Segurança Pública, mantendo a lógica desumana e militarista da política de Segurança como arma quente voltada contra o Povo do Maranhão.
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