Superpedido de impeachment de Bolsonaro sai após ampla articulação

Raimundo Bonfim, da coordenação da CMP, destaca dois elementos: o povo nas ruas e a unificação dos 120 pedidos. “Isso tem uma simbologia muito forte”

Força das ruas está impressa no superpedido de impeachment de Bolsonaro. Foto: Roberto Parizotti / CUT

Por Larissa Bohrer .

Para reunir os mais de 120 pedidos de afastamento de Jair Bolsonaro da Presidência da República protocolados na Câmara dos Deputados, uma ampla articulação produziu o superpedido de impeachment, com todos os crimes cometidos por Bolsonaro desde que tomou posse em 2019.

Raimundo Bonfim, da coordenação da Central dos Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, duas das entidades que assinam o documento, comenta que o peso político desse pedido é maior, pois contém a pressão da sociedade já vista nos dois grandes atos pelo impeachment do presidente, nos dias 29 de maio, o #29M, e 19 de junho, o #19J.

“Aí tem dois elementos. Um, porque trata-se de um pedido unificado a parte das várias iniciativas. Tanto dos partidos políticos quanto dos movimentos e das frentes. Isso tem uma simbologia muito forte. Segundo: é o pedido das ruas, porque é construído e será apresentado a partir das mobilizações de 29 e maio e 19 de junho. Portanto, ele é um pedido que vem com a força muito grande das mobilizações de rua”, explicou Raimundo Bonfim. “Diferente dos outros, que, em razão da pandemia, foram todos protocolados sem pressão das ruas.”

O coordenador da Central dos Movimentos Populares comenta que uma agenda de luta está sendo organizada entre a data da entrega do superpedido de impeachment que reúne mais de 700 entidades de todas as bandeiras políticas até o terceiro grande ato Fora Bolsonaro, que foi antecipado e será realizado no dia 3 de julho, o #3J. “Na próxima mobilização nós queremos fazer um processo envolvendo mais os trabalhadores e as trabalhadoras, envolvendo mais a periferia, ampliando o aspecto político pelo Fora Bolsonaro”, acrescenta Bonfim.

Expectativa de acolhimento

O protocolo do pedido será acompanhado de um ato com participação das lideranças políticas e sociais e aberto à participação popular, em Brasília, na quarta-feira, 30 de junho, às duas da tarde. Para Tânia Maria de Oliveira, integrante da Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, a expectativa é que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aceite e acate o documento, pois não existe mais espaço para omissões.

“A expectativa é que o presidente da Câmara dos Deputados acolha o pedido de impeachment. Não tem mais espaço para ficar fingindo que as coisas não estão acontecendo. Que os crimes cometidos pelo presidente da República não estão sendo cometidos todos os dias, de forma reiterada e repetida. Noticiados no mundo inteiro, inclusive. Inúmeros crimes de responsabilidade. Não é possível que ele (Arthur Lira, presidente da Câmara) vá fingir que não está vendo ad aeternum.”

Tem significado

Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, avalia que os desdobramentos da CPI da Covid demonstram a irresponsabilidade do governo Bolsonaro e a gravidade da situação. “O superpedido de impeachment, esse que vai reunir, condensar, sintetizar a quase centena e meia de pedidos, tem significado, né? De ser uma demanda, uma exigência da ampla maioria da sociedade, da diversidade da sociedade brasileira, unificada num só propósito, que é a derrubada do governo Bolsonaro. Um basta na política genocida deste governo, o quanto ele tem responsabilidade, agora mais uma vez demonstrada na CPI. Não faltam indícios, provas, da responsabilidade do governo em relação a essa tragédia que o povo brasileiro tá sofrendo. Milhões de mortes, milhares de famintos. Esse é um Brasil que a gente precisa superar.”

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