Os depoimentos de testemunhas durante a CPI da Covid mostram que o governo Bolsonaro se omitiu e negligenciou o combate à pandemia de maneira intencional. Para especialistas, o relato do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, sobre a recusa do governo federal em adquirir vacinas deixou explícita a falta de ações do presidente da República para garantir a saúde da população.
Nesta quinta-feira (13), o representante da Pfizer afirmou que Bolsonaro ignorou três ofertas apresentadas pela empresa em agosto do ano passado para a aquisição de vacinas. Em cada uma das oportunidades, foram apresentadas duas propostas: uma de 30 milhões de doses e outra de 70 milhões.
Negligência
A sessão da CPI da Covid também foi marcada pela tentativa de senadores governistas de desqualificar e atacar a credibilidade da farmacêutica Pfizer. A intenção dos senadores era justificar e mesmo respaldar a omissão negacionista do governo de Jair Bolsonaro.
O imunologista Gustavo Cabral, PhD e pesquisador da USP sobre desenvolvimento de vacinas, afirma que a recusa de Bolsonaro em negociar a vacina com a Pfizer foi prejudicial, pois poderia garantir mais do que as 70 milhões de doses ofertadas.
“O governo federal esnoba o vírus desde o começo da pandemia, num ato de crueldade. Ele fala tanto de economia, mas esquece que é preciso manter sua população viva. A partir do momento que ele negligencia a compra de vacina, atira no pé do Brasil. A Pfizer fez uma oferta inicial que poderia ser muito mais explorada, fugindo da competitividade financeira do exterior. Com um acordo de compra, o Brasil conseguiria um número muito maior de vacinas do que foi oferecido”, disse à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.