Uma das testemunhas mais esperadas na CPI da covid, o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, pode depor fardado no próximo dia 19 no Senado, o que daria uma forte conotação de que estaria sendo inquirido na comissão um representante do Exército. Para evitar qualquer associação nesse sentido, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD), informou que esclareceu o assunto junto ao Exército.
“Liguei para o general Paulo Sérgio, primeiro, para comunicá-lo, dizendo que, com a convocação do ex-ministro da Saúde Pazuello, não era o Exército que estava vindo aqui, deixar muito claro e separar o Pazuello do Exército”, explicou. O presidente da CPI afirmou ainda que isso é relevante para evitar qualquer desentendimento entre as instituições. “Era importante a gente separar as coisas, para que não se colocasse dúvida da participação do general Pazuello”
O senador também fez questão de ressaltar as qualidades do seu interlocutor: “O general Paulo Sérgio tem relevantes serviços prestados ao Estado do Amazonas, onde ele atuou como comandante no município de Tefé, do Exército Brasileiro, atuou no Comando Militar da Amazônia e, por dez anos, serviu lá.”
O comandante confirmou que Pazuello teve contato com dois assessores que testaram positivo para o coronavírus, por isso não pode depor nesta quarta-feira (5) como estava programado. Pazuello ainda se ofereceu para participar de forma remota, o que na avalição da cúpula do Planalto seria o melhor cenário, pois a pressão sobre o militar seria menor.
Após treinamento no Planalto, o ex-ministro estaria inseguro sobre a sua participação e temia ser preso durante o depoimento, conforme revelou a jornalista Malu Gaspar, de O Globo.
“Um manda e o outro obedece”
Pazuello ficou conhecido por cumprir à risca as determinações de Bolsonaro. “É simples assim: um manda e o outro obedece”, disse ele ao lado do presidente no dia 21 de outubro do ano passado. Bolsonaro havia desautorizado Pazuello e mandou cancelar o protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, anunciado no dia anterior pelo ministro em uma reunião com governadores.
Bolsonaro agiu para retaliar o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), adversário político que apostou todas as suas fichas na CoronaVac, que é produzida em parceria entre o Instituto Butantan, de São Paulo, e pela farmacêutica chinesa Sinovac. “Não compraremos a vacina da China”, escreveu o presidente no Twitter naquela ocasião.
Atualmente, o Butantan já entregou 37,2 milhões de doses da CoronaVac para o Plano Nacional de Imunização (PNI), o que corresponde a 80,8% do total previsto no primeiro contrato com o Ministério da Saúde.