Por Jeniffer Mendonça.
A Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo contra cerca de 30 manifestantes que realizavam um ato contra a violência policial e contra o genocídio da população negra na tarde de sexta-feira (5/6), em Campos de Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro.
De acordo com o estudante Fabio Azevedo, 19 anos, o protesto foi marcado sem iniciativa de um movimento específico, apenas pela organização espontânea em redes sociais por volta das 16h, em frente ao Pelourinho, no centro da cidade. “O ato estava pacífico, apenas com cartazes pedindo ‘basta’, ‘vidas negras importam’, gritos de ordem e música. A polícia pediu para não ter aglomeração, as pessoas se deslocaram, fazendo distanciamento social e, nesse momento, começaram a tirar fotos de quem estava ali”, afirma.
Após cerca de 20 minutos, segundo o estudante, dois camburões da PM e três viaturas que estavam próximas ao local, na Praça São Salvador, foram em direção ao ato. “Foi um susto porque jogaram uma bomba no meio da gente, sendo que ali no Pelourinho só tem passagem para pedestre. Os policiais estavam com armas pesadas, pareciam fuzis, para conter uma manifestação pacífica”, aponta.
Para ele, a repressão da polícia é incentivada pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O presidente declarou que esperava que a Polícia Militar agisse de acordo contra quem se manifestasse nos próximos dias, que tecnicamente seria contra ele, e talvez isso tenha dado uma carta branca para eles. Acho que isso se reflete também nas abordagens, que foram massivamente contra negros, em nenhum momento foram atrás das pessoas brancas”, analisa.
O que diz a PM
A Ponte procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar que, em nota, informou que “segundo o comandante do 8º BPM (Campos) coronel Luiz Henrique, os manifestantes não obedeceram a ordem de dispersar e foi necessário o uso de armamento de menor potencial ofensivo para que a determinação fosse cumprida”.
Também declarou que os policiais militares “estão instruídos a priorizar a conscientização e o diálogo no contato com os cidadãos” e que não houve detidos nem feridos.