Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Com vários atos sendo planejados em pelo menos cinco regiões de Santa Catarina no dia 8 de março, as mulheres do interior do estado estão convocando as trabalhadoras e trabalhadores para uma mobilização no dia 6 de março, sexta-feira. Conforme Noeli Taborda, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a pauta remete a defesa da previdência pública e universal, contra a proposta machista e excludente do governo de Jair Bolsonaro que iguala a idade mínima da aposentadoria para homens e mulheres do campo em 60 anos de idade e tempos de contribuição que em muitos casos, ultrapassam os 40 anos para as trabalhadoras e trabalhadores em geral.
A fila de espera ultrapassa 1,9 milhão de pessoas que precisam receber auxílios-doença e aposentadorias do INSS. Ainda em janeiro, o governo Jair Bolsonaro anunciou que chamaria 7 mil militares da reserva para diminuir as filas de atendimento do INSS. Além do perigo que a militarização do INSS representa, Noeli destacou a denúncia que as mulheres levarão para as ruas no dia 6 de março pela criação do sistema de fila única que coloca todos os processos, de regiões diferentes do Brasil, em um mesmo conglomerado de documentações, sem considerar as realidades diferentes de cada estado. “Cada estado possui uma realidade diferente e precisa de um atendimento humanizado, direcionado e capacitado”, avaliou.
Outras questões de denúncias são: a demora no atendimento nos postos dos INSS, negação de benefícios, aumento da necessidade de se entrar na justiça exigindo os direitos, perda da condição de seguradas especiais na qual as mulheres comprovavam a atividade rural e após as mudanças, precisam provar a contribuição rural que, de acordo com as normas, deve ser feita via bloco rural, no entanto, apenas sete estados no Brasil possuem o bloco de notas implementados, o que significa segundo Noeli, que milhões de camponesas e camponeses não terão acesso ao benefício.
A pauta do feminicídio também é uma das mais importantes neste dia. “O Brasil é o quinto país com maior registro de casos de feminicídio do mundo, por isso precisamos reforçar a defesa da vida das mulheres”.
Lançamento da campanha nacional
No dia 6 de março vai acontecer ainda em São Miguel do Oeste o lançamento da campanha nacional: “Sementes de Resistência: Camponesas semeando esperança e tecendo transformação”. “A ideia é dialogar com a sociedade sobre a produção de alimentos saudáveis, da formação dos quintais produtivos, a defesa e importância das sementes crioulas e de um projeto popular de agricultora. Precisamos dar visibilidade ao trabalho das mulheres, valorizar os conhecimentos populares frutos da ancestralidade”, disse Noeli.
Brasil
A mobilização em São Miguel do Oeste faz parte da agenda de lutas em todo o Brasil, de mulheres do campo e da cidade. Em Santa Catarina, a jornada está acontecendo desde o dia primeiro de março e vai até dia 14 (dois anos do assassinato de Marielle Franco). Na cidade catarinense, participam da ação os movimentos sociais, pastorais, sindicatos urbanos e rurais e mandatos populares.
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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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