Por Caroline Oliveira.
Marsilac, localizado no extremo sul de São Paulo, é o distrito do município que apresenta o pior índice quando o assunto é a taxa de mortalidade entre crianças de zero a um ano, cerca de 24,6 a cada mil crianças. O dado é 23 vezes maior do que em Perdizes, na região oeste da cidade: 1,1 morte a cada mil crianças. A média do município é de 11 crianças, no mesmo universo.
O dado é do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, que foi lançado pela Rede Nossa São Paulo e pela Fundação Bernard Van Leer, nesta quarta-feira (12). O relatório também mostra que Marsilac é o distrito que mais tem adolescentes grávidas: 18,9 gestações, em um universo de mil, entre meninas com menos de 18 anos. O valor é 53,4 vezes maior que Moema, com uma taxa de 0,4 gestações.
O estudo reúne 26 indicadores de 96 distritos da capital paulista que, juntos, dão a dimensão de qual modelo de acolhimento e cuidado o município direciona para a primeira infância – de zero a seis anos.
Claudia Vidigal, representante no Brasil da Fundação Bernard Van Leer, destaca a importância dos dados para uma construção de políticas públicas eficazes tanto no que se refere à desigualdade social quanto à primeira infância.
Um dos argumentos para se investir na primeira infância, segundo ela. é justamente o combate às desigualdades sociais.
“Se a gente começa a vida já pautado na desigualdade, com menos oportunidades, já não ouvindo histórias, não tendo a oportunidade de brincar ao ar livre, não podendo circular na cidade, porque não há espaço para circular… Se a gente começa a vida com tudo errado, a gente tem muito mais chance de ampliar esse gap de desigualdade”, afirma Vidigal.
Esta é a segunda edição do mapa, que teve a sua primeira versão divulgada em 2017. Em relação à primeira pesquisa, o tempo de consulta com pediatras aumentou em 78% na cidade de São Paulo, de 18 para 72 dias. Paralelamente, o tempo de atendimento para vaga diminuiu em 20%, o que mostra a complexidade do assunto.
Alexis Galias de Souza Vargas, secretário executivo de Gestão de Projetos Estratégicos do município, afirmou em entrevista ao Brasil de Fato, que a primeira edição do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância ajudou a Prefeitura a elaborar políticas públicas no combate à desigualdade tendo como foco o principal desafio apresentado no estudo, que é a desigualdade e a vulnerabilidade das crianças de zero a seis anos.
“A gente está focando as ações da Prefeitura nos 10 distritos onde isso está mais acentuado, tentando reduzir a desigualdade na cidade”, afirma o secretário.