Por Giovanna Galvani.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira 21 que o pior inimigo do meio ambiente é a “pobreza”, e que o motivo da degradação ambiental em grande escala se dá porque as pessoas “precisam comer”. A fala foi feita no primeiro painel com a participação do ministro no Fórum Econômico Mundial 2020 em Davos, na Suíça, que teve início nesta manhã.
Guedes discursava sobre o futuro da indústria em um dos painéis de Davos dedicados à pauta do meio ambiente, assunto em evidência absoluta na reunião de 2020. Para o ministro, porém, o Brasil está atrasado em relação à discussão que integra a tecnologia e a sustentabilidade. Nessa linha, apontou que a “fome” é um dos obstáculos para alcançar outro patamar em relação ao debate.
Paulo Guedes ainda complementou: “O povo quer ter as indústrias e os empregos. E ao mesmo tempo há uma pressão enorme para manter ‘verde’. É um equilíbrio delicado, mas estou certo de que vamos conseguir”, disse. Para ele, o Brasil está “correndo atrás” de implementar uma indústria mais sustentável, que envolve globalização e inovação.
O ministro representa o Brasil no Fórum, já que o presidente Jair Bolsonaro não irá comparecer à edição deste ano. Em 2019, Bolsonaro afirmou que o País era o que mais preservava a natureza no mundo. Em relação a essa pauta, porém, o Brasil ficou em evidência internacional pelas proporções dos incêndios na Amazônia em agosto do ano passado, pela tragédia de Brumadinho e pelo óleo ainda misterioso nas praias do Nordeste.
O papel de Guedes em Davos, para o pesquisador Leonardo Ramos, da PUC-MG, foca na atividade econômica e no esforço de atrair investimentos. A possível entrada do Brasil na OCDE também pode ser outro foco discursivo do ministro, diz Ramos.
“A ida do Guedes como representante destaca que, daquilo que foi falado um ano atrás, o ponto central é o econômico. É o Brasil se tornar atrativo para o capital internacional. A vantagem da ida do Guedes para o governo é de que fica menor o risco de uma patacoada no discurso, típica do Bolsonaro. Por outro lado, se der certo, o Bolsonaro, enquanto sujeito, não vai capitalizar pessoalmente porque não estará lá”, examina o pesquisador.