Por Eliezer A. de Oliveira, da Vila Nova I, para Desacato. info.
Os moradores da Vila Nova I de São Miguel do Oeste/SC estão indignados com os lixos e entulhos depositados na entrada da comunidade, sendo um problema recorrente desde que a Vila surgiu há pouco mais de 13 anos. Essa matéria é mais uma entre tantas já feitas. Diversas foram às maneiras que os moradores encontraram para denunciar a falta de atenção para esta parte das pessoas que compõe o município e que são submetidas cotidianamente aos lixos e entulhos que não são produzidos na Vila, mas sim, em outros lugares da cidade.
A maneira como os governos municipais tratam as comunidades periféricas é o que mais causa desgosto na população, segundo os moradores que nas falam relatam que também pagam impostos como todos os outros bairros ou comunidades urbanas, no entanto, sofrem com a falta de políticas públicas, e quando estas chegam é porque se faz muita luta por aquilo que é direito básico que deveria ser garantido a todos.
Morar nas favelas de São Miguel é uma dificuldade tremenda, pelo fato da violência ser altíssima por parte do poder público, o qual não garante ás pessoas o direito à cidade como deveria. No caso da Vila, os moradores denunciam as atitudes impróprias como jogar lixos e entulhos na entrada e arredores da comunidade, e também fazem reivindicações a partir das necessidades da coletividade.
“Prefeito, cumpra sua promessa, não jogue lixo na nossa Vila”.
O governo municipal já está ciente da questão do problema, conforme Ivo Toral, 60 anos, morador da Vila Nova I. “Pelo que vi, pelos pedidos que fiz na prefeitura pra instalar a praça aí, bem como a academia, mas não instalam. Era pra ter instalado já, mas não demonstram interesse. Agora, lixo eles sabem trazer”. Ivo alerta, também, para a questão da saúde, que segundo ele: “Se verificarem no meio deve ter até mosquito da dengue, porque ali tem balde, tem pote, tem todo tipo de lixo que podem trazer doenças e juntar cobras, como das outras vezes”. Segue ressaltando que o problema é periódico: “Entra um ano, passa o ano e vai indo, todo ano a mesma coisa. Pra Vila não fazem nada, agora pra pôr lixo é direto. Esse lixo é do pessoal da cidade, chegam aí e despejam, então isso aí tem que acabar”, completa.
De acordo com Fernando Douglas Ribeiro, 26 anos, morador da Vila Nova I, a sujeira que trazem para a entrada da Vila espalha um odor ruim e deixa a imagem cada vez mais feia do espaço da comunidade. “Ultimamente estão só botando entulho e lixo aí, tá dando odor, poeira e está muito feio na entrada da Vila. Cada dia odores diferentes porque são lixos diferentes”. Fernando, também propõe ao denunciar essa questão, dizendo que: “em vez de fazer uma pracinha, um espaço para as crianças, para a comunidade, mas tá cada dia piorando”. Ele ressalta ainda que: “O prefeito prometeu uma pracinha, um pavilhão, e estamos recebendo só lixo e entulho. Não estão mexendo nisso aí, cada dia estão entulhando mais coisas”, Conta.
“Não jogue lixo”!
Quando na placa colocada na área alerta para a proibição de se jogar lixo no local, quem mais deveria garantir que fosse seguida essa proibição segundo os moradores é quem mais comete o ato infracional, fica complicado de lidar com a situação, como nos diz Josué Padilha Pimentel, 39 anos, morador da Vila Nova I, ao fazer o seu relato. “Na verdade todo o pessoal tá falando disso aí né, porque nós se tirar uma cerâmica não podemos levar ali. O pessoal daqui não joga lixo ali. Ali é lixo tudo da cidade, eles vêm ali e mesmo com uma placa dizendo que é proibido jogar lixo nesse local contrariam”.
Josué destaca também a sua preocupação com suas filhas e as demais crianças. “A criançada volta e meia fogem e vão ali correndo o perigo de se cortarem porque está cheio de ferro nos concretos. Só cortaram os concretos e os ferros ficaram tudo no meio”, finaliza.
A moradora da Vila Nova I, Katiuscia Ribeiro, 44 anos, expressa em tom de indignação a injustiça que sente com a situação. “As caçambas da prefeitura que continuam trazendo lixo, entulho. Nós queremos trabalhar com a reciclagem, fomos proibidos de trazer nossos materiais para reciclar”. Ela segue relembrando outras promessas do governo municipal. “A prefeitura prometeu um pavilhão, uma igreja bem na entrada da comunidade e seguiu o mesmo lixão. Tá a mesma situação. Enquanto nós não temos onde velar os mortos, fazer uma reunião ou fazer um evento para as crianças. Temos que fazer na rua porque não temos um pavilhão, uma igreja. Temos que levar os mortos para serem velados em outra comunidade. Já faz dois anos que ele prometeu e não fez um pavilhão pra nós, não fez um ginásio, uma igreja que a comunidade precisa”. Katiuscia salienta que: “É mais fácil jogar lixo. Esse é o cartão postal daqui, o lixo. Tu podes chegar à entrada que tá o lixão aí”, conclui.
A comunidade quer e exige aquilo que lhe é de direito. “Cumpra as suas promessas prefeito, não jogue lixo na nossa Vila”, dizem os moradores.
Para que a memória coletiva prevaleça!
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