O ativista e pesquisador de segurança da informação Ola Bini foi preso nesta sexta-feira (12/04) pelo governo equatoriano no Aeroporto Internacional Mariscal Sucre, em Quito, por supostamente colaborar com o fundador da WikiLeaks, Julian Assange.
A ministra do Interior do Equador, María Paula Romo, afirmou que o governo obteve informações que comprovam que Bini visitou Assange mais de 12 vezes na embaixada do país em Londres, onde o fundador da WikiLeaks estava residindo sob asilo diplomático até esta quinta-feira.
“Temos a evidência de uma pessoa próxima que colaborava com WikiLeaks e com Assange, que visitou a embaixada do Equador em Londres ao menos em 12 ocasiões diferentes ao longo desses últimos anos”, disse Romo.
A ministra ainda disse que Bini “estava vivendo no Equador e também vimos seus último encontros com o ex-chanceler Ricardo Patiño, que estava no cargo quando o asilo [a Assange] foi outorgado. Sua última viagem foi à Venezuela há mais ou menos um mês, um mês e meio”.
No momento da prisão, Bini estava prestes a embarcar para o Japão para participar de um treinamento na organização internacional de artes marciais Bujinkan. Mais cedo, o ativista comentou o pronunciamento da ministra em sua conta no Twitter dizendo que as notícias eram muito preocupantes e que parecia “uma caça às bruxas contra mim”.
Segundo a revista Peoples Dispatch, Bini é um nome importante do movimento software livre e pela privacidade digital, tendo desenvolvido um trabalho extenso na área de comunicação segura e anonimato com diversas organizações internacionais, além de ser autor de livros sobre tecnologia da informação. O desenvolvedor de softwares é cidadão sueco e tem visto para trabalhar e residir no Equador. A prisão do ativista está sendo vista como parte de uma ofensiva para reprimir a comunidade que defende uma tecnologia que permita maior segurança na comunicação.
O acadêmico e ativista indiano Vijay Prashad afirmou que “Ola Bini é inocente e foi preso no Equador sem motivo”. Nas redes sociais, Prashad fez um chamado para pressionar o presidente Lenín Moreno pela liberação de Bini.
Martin Fowler, cientista-chefe da ThoughtWorks e antigo colega de Bini, também escreveu no Twitter: “Fico muito preocupado de saber que meu amigo e colega Ola Bini foi preso no Equador. Ele é um grande defensor e desenvolvedor na área de privacidade da informação e até agora não conseguiu falar com um advogado.”
Autoridades equatorianas citadas pela imprensa afirmam que Bini foi preso em uma operação para desmontar uma conspiração para chantagear o presidente Lenín Moreno. No entanto, a advogada e ativista Renata Ávila afirmou ao site de notícias indiano NewsClick que “a prisão de Bini é uma tentativa de Lenín Moreno de salvar a própria pele recriando o mesmo tipo de espetáculo judiciário que o sistema norte-americano fez com os hackers russos”.
Moreno enfrenta um grande escândalo desde o vazamento dos chamados INA papers, que revelaram casos de corrupção envolvendo pessoas próximas ao presidente equatoriano.
Em uma série de posts no Twitter, Y. Kiran Chandra, secretário-geral do Movimento Software Livre da Índia, falou da importância da contribuição de Bini para o desenvolvimento de tecnologias em segurança da informação e questionou por que “um dos melhores desenvolvedores que soluciona problemas da sociedade com a tecnologia está sendo tratado de maneira tão perversa”.
Uma vergonha para o Equador e para o povo equatoriano que seu governo infrinja todas as suas leis internas e tratados internacionais do qual faz parte por pura vassalagem ao Imperialismo estadunidense.