Por Pettersen Filho.*
Uma doação recente dos Estados Unidos da América acaba de chegar ao Brasil, via Porto de Paranaguá: cerca de 52 tanques de guerra estadunidenses tipo M3, perfeitamente utilizáveis, para o transporte de tropas e carro de comando, estão prestes a ser incorporados ao Exército Brasileiro. Isso ocorre quando muito se fala de intervenção estrangeira norte-americana na Venezuela, a maior reserva certificada de petróleo no mundo.
Tanques que não serão, necessariamente, ligados a operações diretas de ataque, mas de apoio, posto que não são dotados de armamento pesado — como canhões e blindagem especializada. Eles devem se somar aos atuais tanques Leopard Alemães, adquiridos de segunda mão há pouco tempo pelo Exército.
Tal tendência, de adquirir material bélico externo, em detrimento da indústria nacional, além de desmantelar a incipiente indústria brasileira, contribui, e muito, para desestimular a produção nacional para suprir as atuais deficiências do Exército Brasileiro.
O Brasil já foi, na década de 1980, um dos três maiores produtores de tanques no mundo. A Engesa desenvolveu os tanques blindados nacionais Cascavel e o Urutu, que foram exportados para América Latina, África e Oriente Médio. O boicote internacional estadunidense, que impôs embargo às exportações para a Líbia e o Iraque, bem como o calote iraquiano à empresa e a falta de encomendas do Exército Brasileiro, justamente quando a Engesa desenvolveu o Osório — o primeiro tanque pesado brasileiro — é que levaram a Engesa ao fim.
A doação recente dos EUA leva o Brasil à dependência estadunidense quanto à reposição de equipamentos e peças, fator intolerável em tempos de guerra. A Venezuela e o Irã possuem modernos caças F-16 e F-14 no solo, sem condições de voo porque faltam peças, já que elas não são cedidas pelos EUA a governos que julgam hostis. Tal doação, além de roubar-nos preciosos empregos, soberania e independência, soa-nos muito mais como um “presente de grego”.
Que o diga a Venezuela, prestes a ser invadida pela coalizão a ser formada pelo Tio Sam, a fim de impor ao país e ao seu rico petróleo a mesma “democracia” que levou à ruína Líbia, Síria, Afeganistão e Iraque…
É, enfim, a Pax Americana !
* Antuérpio Pettersen Filho, membro da IWA – International Writers and Artists Association, é advogado militante e assessor jurídico da ABDIC – Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania.
Nota da Redação — Quando a ex-presidenta Dilma Rousseff enviou o Tratado de Cooperação e ajuda militar para ser aprovado, alertamos que se tratava de uma flagrante violação da soberania, em questões de segurança e inteligência e que também serviria para EUA se livrar do ferro-velho, petrechos militares que foram substituídos por novos e de alta tecnologia. Leiam o artigo do Paulo Cannabrava Filho titulado “Para que servem os Acordos Dilma/Obama. Se tiverem um mínimo sentimento de amor à pátria ficarão horrorizados.