Por Luíz Müller.
“A corte colocou o egrégio direito da liberdade num degrau abaixo ao da propriedade. A vida e a liberdade não se repõem jamais”. (Lewandowski)
Não tenho saco pra ficar ouvindo aquela verborragia toda dos doutos juízes, que por trás da intensa verborragia e debaixo de suas togas escondem a hipocrisia e a canalhice da subserviente elite brasileira. Lewandowski, aparentemente chocado com o que a corte da qual participa, mostra a real razão do golpe: A retrógrada classe dominante brasileira nunca deixou de achar que o PT, nos moldes da Revolução Soviética, em algum momento expropriaria a propriedade privada dos meios de produção. Delírio total, pois foi justamente nos governos Lula e Dilma que mais investimentos e incentivos públicos houveram para fortalecer setores produtivos privados nacionais. O PT tentou implementar o que Alberto Pasqualini chamava de “capitalismo mais humano”. Pasqualini, um dos grandes ideólogos do trabalhismo, aliás, sempre afirmou que o trabalhismo não “era nem socialismo e nem comunismo”. Sintomático aliás, que Lula em sua caravana pelo Sul tenha ido visitar São Borja e os Mausoléus de Getúlio e Jango. Mesmo assim a subserviente elite tupiniquim não tolerou a audácia da Classe Trabalhadora em acender ao poder, ainda mais para fazer um “capitalismo mais humano”, com muitos empregos, bons salários aos trabalhadores, educação,saúde, assistência social adequada e com a consequente melhoria de vida de todo o povo. Nada. A burguesia nacional não é nacional. Ela se contenta em ser Gerente e capitã do mato do capital financeiro internacional. E para isto não lhe importa nem mesmo escravizar seu povo, nem que isto signifique produção com menos qualidade e menos quantidade. Não importa. Importa que a elite é “proprietária” do que vai arrendar ou vender para o capital financeiro internacional. O povo não lhe importa. Pode inclusive escravizar dentro da Li, como pretendeu o gaúcho Ronaldo Nogueira, ao emitir Portaria legalizando determinadas práticas de trabalho escravo.
Lewandowski, hoje chocado, mas partícipe desta elite, está certo: Já não importa o direito a liberdade inscrito na constituição. O que importa é o direito a propriedade. Mas não é da propriedade do carro ou da Minha Casa Minha Vida dos trabalhadores e da classe média assalariada. Ele esta falando daquela propriedade, a da elite, que se julga dona inclusive do Estado. É por que ela se julga dona do Estado, que mesmo o que esta na Constituição, são privilégios que só pra ela valem. Por isto a perseguição ao Lula não é contra ele, mas o que ele representa.
O ano é de eleições, mas o tempo vai além delas e requer estarmos preparados para as duras lutas contra os métodos fascistas de falanges, milícias e gangues privadas e para estatais e do crime organizado, mas também contra a violência do Estado, que tenderá a recrudescer, pois afinal ele existe para defender a “propriedade” antes mesmo da liberdade e da vida.