![]() A audiência contou com 3 momentos importantes. O primeiro foi a fala de apresentação do projeto do estaleiro servindo como uma propaganda da empresa OSX. O segundo foi a abertura para questões da população junto com o debate com a empresa e o último a fala do promotor do Meio Ambiente Rui Arno Richter fechando a noite. Após as explicações em defesa do Estaleiro por parte dos representantes da OSX, da Caruso Jr. e da CERTI, foi a vez dos populares manifestarem de forma quase que massiva seu descontentamento com a situação. Muitos gritaram “Vão embora!”, “Mentirosos!” outros apitavam e outros levantavam cartazes dizendo “As comunidades não foram ouvidas ainda!” ou “Não brinquem com o meu futuro”. Em seguida começaram as manifestações através de perguntas dirigidas aos presentes da mesa: – Por que o governo do estado não está presente na mesa? – Por que a FATMA não pode ser questionada, já que ela está presente? – É ético e justo que a empresa que realizou os estudos sociais e ambientais tenha sido contratada pela própria dona do empreendimento em questão, a OSX? – Cadê o Ministério do Meio Ambiente em toda essa história? Por que ele não se manifesta? – Por que realizar AGORA a audiência se a coordenação nacional do ICMBio ainda não expôs o seu entendimento quanto aos aspectos técnicos do licenciamento? Será realizada outra audiência depois? – Por que falta embasamento técnico no parecer técnico do ICMBio “Regional” se o ônus de comprovar a inexistência de riscos e de prováveis danos é do empreendedor pela legislação ambiental? – Sobre os impactos na maricultura e pesca. Se a empresa começou a prometer um “Programa de Apoio e Compensação da Atividade de Pesca e Maricultura em Gov. Celso ramos e Biguaçu?, como a empresa pode afirmar que não haverão impactos sobre estas atividades? – Sobre a alteração do perfil econômico da região. Por que a FATMA não questionou este aspecto? Riscos de desemprego, de danos a rede de restaurantes e da própria manutenção de importantes aspectos da cultura regional deixar de existir? – As empresas do grupo empresarial também exploram as atividades de porto de cargas e minérios e o refino de petróleo. É possível que depois do estaleiro haja a construção de um porto de cargas ou minérios, ou de um terminal petrolífero e refinaria no local? – É verdade que 90% do dinheiro para o estaleiro virá de recursos públicos vinculados ao Ministério dos Transportes? – Onde está o estudo de impacto de vizinhança sobre os efeitos do empreendimento na pesca, turismo, saúde e na sociedade habitante da região? Por fim, como apurou o jornalista catarinense Celso Martins, a fala do promotor do Meio Ambiente da Capital, Rui Arno Richter, deixou claro que o Ministério Público catarinense não tem nada contra o Estaleiro OSX, mas vai agir em caso de irregularidade e não aceitará a degradação ambiental. Ele acrescentou ainda o empreendimento influenciará a Baía Norte de Florianópolis, bem como apontou uma série de fragilidades no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto (RIMA), elaborado pela empresa Caruso Jr., contratada pelo empreendedor. O site de Celso Martins é o ?Sambaqui na Rede 2? ( http://sambaquinarede2.blogspot.com/) e está cobrindo diariamente toda a situação entorno da possível instalação do estaleiro da OSX, principalmente as manifestações repúdio das comunidades através de notas, artigos e atos públicos. A série de audiências feita pela própria OSX com o aval da FATMA e da prefeitura, terminou, mas o imbrólio ainda se mantém. A população organizada deixou claro que continuará mobilizada e de olhos bem abertos para todos os passos dos atores envolvidos. É preciso que haja transparência e democracia no processo de decisão da vinda de um projeto que irá modificar, de maneira violenta, não somente a fauna e a flora da pequena cidade de Biguaçu, como também de todo o seu entorno. Levando-se em conta, então, centenas de milhares de pessoas que terão suas vidas afetadas econômica, política, ambiental, social e culturalmente. Os dados do relatório preliminar apresentado pela OSX foram considerados fracos e incompletos pelo ICMBio da região. É necessário avançar no debate e compreender que além dos argumentos técnicos não convencerem, os argumentos sociais são nulos: não existe uma pesquisa abrangente e efetiva para compreender o grau de impacto na vida dos moradores e até do próprio turismo; esfera a qual interessa a tantos outros grandes empreendimentos e setores ricos da sociedade catarinense. É sabido que o dono da OSX, empresa interna da EBX, é o milionário Eike Batista, empresário e grande financiador do governo federal, que consequentemente tem alto interesse na construção do estaleiro. O lobby é forte e o discurso afiado. A EBX é uma das maiores empresas do Brasil. Tanto no capital financeiro, quanto no capital simbólico. A sua rede de contatos é vasta, bem como seus poderes. Os interesses são grandes e muito dinheiro está envolvido, consequentemente, a briga de resistência das comunidades da Grande Florianópolis será e está sendo grande. Email:: floripa@midiaindependente.org |
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