Por Julia Saggioratto, para Desacato.info.
Na semana que passou parlamentares da bancada ruralista anunciaram que o governo de Michel Temer havia prometido publicar Medida Provisória que permitiria o arrendamento e a mineração em terras indígenas em reunião realizada na terça-feira (3) no Palácio do Planalto. Os deputados Valdir Colatto (PMDB/SC) e Luiz Carlos Heinze (PP/RS), que participaram da reunião, confirmaram ao jornal o Estado de S. Paulo que o presidente havia se comprometido em publicar a MP na próxima segunda-feira (9). Logo em seguida o governo divulgou uma nota negando que teria feito tais afirmações.
O deputado Nilson Leitão (PSDB/MT) afirmou que a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou uma audiência pública para ouvir os indígenas em relação ao assunto e estaria marcada para 18 de outubro, sendo denominada como primeiro Encontro Nacional da Agricultura Indígena.
O fato é que a cada denúncia sofrida por Michel Temer, os direitos indígenas são colocados em negociação com a bancada ruralista, uma das maiores do Congresso Nacional. Um dos ataques é a discussão sobre a legalização do arrendamento e da mineração nos territórios indígenas. Neste domingo (8) um grupo de cerca de 100 lideranças indígenas do Rio Grande do Sul, além de povos de outras regiões do país, se dirigirão até Brasília, DF, para se manifestar contra as negociatas em relação aos seus direitos.
De acordo com o Cacique Luís Salvador, da comunidade Rio dos Índios, de Vicente Dutra, RS, é oferecido aos povos indígenas um projeto genocida, que inclui patrulha agrícola, monocultura e agropecuária, que, segundo ele, não é vida para os povos indígenas e nem para qualquer outra sociedade. “Estão de olho nas pedras preciosas de Nonoai, estão de olho na madeira (…), na água, eles querem fazer barragem em cima das áreas indígenas”, destaca o Cacique Kaingang Luís Salvador. Ele ainda comenta que esse projeto não serve para os povos indígenas e a ida à Brasília será para exigir que os direitos conquistados por seus antepassados sejam, de fato, respeitados.
Confira a fala do Cacique Luís Salvador.