Os vereadores de São Paulo aprovaram nesta quarta-feira, 27, em 1º turno, a privatização do Anhembi, que será feita por meio da venda das ações da São Paulo Turismo (SPTuris), empresa de eventos da Prefeitura que administra o sambódromo e os pavilhões do complexo na zona norte da capital, na Bolsa de Valores. Foram 37 votos a favor e 9 contra o projeto, que deverá ser votado em segundo turno em outubro, antes de ir para a sanção do prefeito João Doria (PSDB).
Para conseguir aprovar o projeto, o prefeito fez um acordo com a bancada cristã na Câmara Municipal e incluiu no texto um artigo que reserva o sambódromo 75 dias por ano para o carnaval e eventos das igrejas, entre outros.
O projeto original definia que o futuro dono do Anhembi teria de ceder gratuitamente o sambódromo à Prefeitura 60 dias por ano para ensaios e desfiles das escolas de samba. Agora, a ideia é de que fiquem 45 dias disponíveis para o carnaval e 30 para eventos religiosos.
“Apesar de o sambódromo ter sido construído para o samba, entendemos que o turismo religioso também é importante para a cidade”, defendeu o líder do governo na Câmara, Aurélio Nomura (PSDB). Na sexta-feira, 29, a Câmara fará audiência pública para debater essa privatização.
Também a pedido da chamada bancada cristã, que reúne 17 vereadores evangélicos e católicos, o projeto aprovado permite que o uso do sambódromo para eventos religiosos poderá ser substituído pelo uso de auditórios ou salões de eventos do Anhembi, com capacidade mínima para 800 pessoas. Na prática, o futuro dono terá de ceder ou alugar os espaços à Prefeitura, que fará então a cessão às igrejas. Segundo o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), ainda serão feitos ajustes no projeto a para garantir que vereadores possam continuar usando dinheiro da emenda parlamentar para financiar eventos no local, como é hoje.
Assim, Doria beneficia não apenas os empresários que irão arrematar o patrimônio público de São Paulo, transformando-o em lucro, mas também os empresários da fé, que saem desse negócio espúrio garantindo que a prefeitura interceda no processo de privatização para que tenham privilégios exclusivos e também aumentem seus lucros.
Também foi incluído artigo dizendo que as atividades hoje feitas pela SPTuris serão exercidas pela Secretaria do Turismo ou por nova empresa pública que será criada.
Fonte: Esquerda Diário