O Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC) tem o orgulho de convidá-lo para a exposição Fritz Müller – A genialidade Venceu a Floresta que inaugura dia 1º de junho na sede do IHGSC (Casa José Boiteaux – Av. Hercílio Luz, 523 – Florianópolis). A exposição consiste em correspondência inédita do naturalista com 13 cientistas europeus, descoberta em 2012 o no Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, de Blumenau. Até então era conhecida sua correspondência com Darwin, mas não com estes outros pesquisadores.
O material é constituído por cartões postais que foram decifrados, transcritos e traduzidos principalmente do idioma alemão. Foram elaborados banners com a biografia sintetizada dos remetentes e os cartões escaneados em alta resolução são dispostos em expositores de acrílico, transcritos e traduzidos.
Este material abre diversas janelas sobre a contemporaneidade de Fritz Müller, sobre seu relacionamento com outros cientistas, seu papel nesta comunidade e sua contribuição. Ainda, nos possibilita conhecer como ocorriam as trocas de informações – networking – entre a comunidade científica. Contribui para a História da Ciência na medida em que explicita relacionamentos, comunicação, intercâmbios de informações, o trânsito de espécies da flora e fauna entre continentes, as dúvidas, os questionamentos e as impressões daqueles que faziam ciência no século XIX.
A exposição fica aberta até dia 14 de junho sempre das 14 horas às 17 horas.
Para mais informações Ana Maria Ludwig Moraes – Historiadora e pesquisadora de Fritz Müller
Fones: 47 3325 1118 ou 99969 1960.
E.mail: [email protected]
No anexo o flyer da exposição.
Quem foi Fritz Müller:
Fritz Müller ou Johann Friedrich Theodor Müller nasceu em Windischholzhausen, nas proximidades de Erfurt, Alemanha, em 31 de março de 1822. Ainda nas primeiras décadas do século XIX, quando a Europa fervilhava, Fritz Müller ingressou na Universidade de Berlim, centro de saber acadêmico e berço para as ideias que aproximaram a filosofia da pesquisa científica. Os grupos de discussões dos quais participava, marcaram indelevelmente o jovem estudante, não apenas no campo técnico-científico, mas também o moveu em direção às vanguardas do pensamento. Fritz Müller era um ativista político, um intelectual coerente em suas posturas.
Emigrou em 1852 para o Brasil com a esposa e uma filhinha no colo, acompanhado de seu irmão August Müller e sua família, a convite de Hermann Blumenau, fundador da Colônia do mesmo nome. Nos primeiros anos foi colono e desbravador. Não ficou entretanto, alheio ao que ocorria em seu entorno, já se inquietava com a modificação da paisagem e tinha uma visão diferenciada dos indígenas, estes à época tratados como selvagens e sujeitos ao extermínio. Em 1856, aceitou o convite do Presidente da Província de SC João José Coutinho para ser professor no Liceu Provincial. Fritz Müller tinha a admiração deste, que inúmeras vezes assistiu suas aulas e foi defensor de suas iniciativas, como por exemplo, a criação de um jardim botânico para o qual autorizou a compra de materiais vindos da Alemanha. Ainda, juntava-se a este, Gama Rosa, intelectual a quem é atribuído o fomento de movimentos culturais nos quais faziam parte Cruz e Sousa, Virgilio Varzea, Carlos de Faria, Araújo Figueredo, Santos Lostada, etc.
Com as pesquisas desenvolvidas em Desterro, Fritz Müller publica em 1864, sua única obra: “Für Darwin”, que comprova a teoria de Charles Darwin. Manteve-se produtivo até sua morte ocorrida em Blumenau no ano de 1897. Muitos de seus trabalhos foram publicados por iniciativa de seus amigos, outros ainda podem estar inéditos. Até a atualidade tem-se registro de 264 artigos, sendo o primeiro em 1844 e cinco no ano de seu falecimento.
Fritz Müller foi um pioneiro da ecologia, descobrindo em 1876, a interação perfeita entre as formigas e a embaúba, esta produzindo alimento para os insetos que por sua vez a defendia de predadores; a observação de um tipo específico de borboletas o levou a descrever a capacidade que possuiam em modificar a aparência para fugir aos predadores – este estudo é conhecido como “mimetismo mülleriano”.
Ainda, projetou o Brasil no cenário científico europeu, pois pode ser considerado um dos maiores pesquisadores do Brasil pelo ineditismo de seus trabalhos e descobertas. Fritz Müller além de sua genial produção científica, nos legou um exemplo de retidão de caráter, ativismo político, respeito à natureza, dedicação e amor à ciência sendo um colaborador incansável e desprendido.
