Por Elaine Tavares.
Dados revelam que a pobreza na zona rural da América Latina baixou de 48 para 29%, desde os anos 90 até 2015. E quem levantou esses números não é nenhuma entidade de esquerda. É O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), uma das agências especializadas das Nações Unidas (ONU).
O estudo realizado pela agência foi divulgado nessa semana. Segundo o presidente da entidade, Kanayo Nwanze, as informações foram levantadas em 60 países do mundo, 16 deles, latino-americanos. “A desigualdade continua grande, o PIB baixou por conta da crise, mas não restam dúvidas de que houve melhora no campo”.
Joaquim Lozano, que é diretor da FIDA para a América Latina, informou que essa redução da pobreza se deu nos últimos 20 anos e que só a partir do ano de 2012 começou a estancar, devido à crise econômica que passou a atingir os países do continente. O estudo também apontou que se verifica um processo de feminilização na zona rural, uma vez que os homens acabam migrando para a cidade ou mesmo para outros países. Como as mulheres ficam, elas acabam tomando conta da propriedade, muitas vezes desprotegidas, por não contarem com títulos de propriedade.
O que as Nações Unidas não agregam no seu relatório é que essa redução da pobreza registrada na maioria dos países da América Latina não é obra do acaso, muito menos milagre. Ela é fruto de um processo de inversão de prioridades vivido por boa parte das nações latino-americanas que conquistaram governos mais progressistas desde o final dos anos 90. Os últimos 15 anos, em particular, alavancados pelas generosas propostas bolivarianas, como a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA), mudaram a forma de intercâmbio entre os países, permitindo investimentos no campo e garantindo políticas públicas para os empobrecidos.
Desde a morte de Hugo Chávez, e com o sistemático desmonte dos governos que, mal ou bem, tinham um caráter mais popular, as políticas vêm mudando, e certamente trarão resultados diferentes no próximo estudo. Como bem já mostraram teóricos importantes teóricos como Gunder Frank e Ruy Mauro Marini, o rosto pobre e dependente da América Latina está visceralmente ligado ao enriquecimento dos países centrais. É uma face da mesma moeda do capitalismo. Não é sem razão que a América Latina tem sido atacada de maneira feroz nos últimos anos, com o retorno dos governos autoritários. Para os donos do mundo, é fundamental manter a região na dependência, ainda que para isso tantos tenham de morrer.
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Com informações do Jornal La Jornada.
Fonte: IELA.