Por Elissandro dos Santos Santana, Porto Seguro, para Desacato.info.
Entrevista com o Professor Wellington Salgado
Elissandro Santana:
Prezado professor Wellington Salgado, o Senhor poderia apresentar o que é o CIEPS e quais projetos de educação ambiental são aplicados nesse Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro?
Professor Wellington Salgado:
O Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro – CIEPS – é uma proposta inovadora na educação em nossa cidade, em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e com a Secretaria Estadual de Educação da Bahia. Neste espaço, nossos alunos têm educação em tempo integral. O que isso quer dizer? Que nossos alunos têm suas aulas voltadas não somente para o conteúdo tradicional, mas é trabalhada a interdisciplinaridade em forma de projetos atrelados aos conteúdos e o trabalho do docente é um trabalho de/em equipe, no qual eles sempre estão inovando, formando e aprendendo um com o outro. Também é uma escola em tempo integral, onde nosso aluno passa um bom período do dia no complexo estudando e aprendendo a trabalhar com projetos como já citado. No CIEPS, o aluno é preparado para o ENEM e, principalmente, para a entrada na universidade. Qualquer que seja o caso, em nossa instituição, o discente é preparado para a vida de modo a cuidar de si, do outro e do nosso planeta, tendo a consciência de que ele é um cidadão pleno de valores e responsabilidades.
No Complexo Integrado, trabalhamos trimestralmente e, a cada período, temos um eixo temático. No primeiro trimestre, trabalhamos o tema: patrimônio e turismo. Neste segundo trimestre, estamos trabalhando o tema: sustentabilidade e meio ambiente e, no terceiro trimestre, trabalharemos o tema: alimentação e saúde. Cada tema ou eixo atrelado ao conteúdo e projeto faz com que o aluno perceba a importância dentro do currículo de todas as disciplinas e as coloquem em prática no seu dia a dia.
Elissandro Santana:
Tendo em vista essa concepção que a escola possui em torno da formação do eco aluno, comprometido com o cuidado do local no qual se insere e com a consciência de que tudo está em conexão, já há resultados concretos perceptíveis a partir dessa pedagogia de projeto para a sustentabilidade?
Professor Wellington Salgado:
Atualmente, temos a captação de água da chuva para o projeto horta e paisagismo. Na horta orgânica, os produtos produzidos são utilizados na alimentação dos alunos e de toda a comunidade pertencente ao Complexo Integrado. O paisagismo do CIEPS forneceu uma nova identidade à escola, tornando-a mais bonita e agradável. Há, também, a coleta seletiva do lixo, a reciclagem de resíduos sólidos compostos por materiais descartáveis como: garrafa pet, pneus e sacolas plásticas, dentre outros. Esses resíduos são utilizados no complexo, transformados em roupas, brinquedos e objetos de utilização na própria escola. Os alunos estão restaurando a biblioteca da escola, bem participando, de forma democrática, da reestruturando, conservação e preservação de outros espaços da instituição. Ademais, nas aulas de campo, docentes e discentes já visitaram áreas desmatadas e de queimada, ou seja, degradadas ambientalmente, com vistas à conscientização acerca do que nós estamos fazendo com o planeta, percorrendo as praias da cidade para mitigação ambiental a partir da retirada de resíduos desses espaços. Enfim, o aluno no CIEPS tem uma consciência ecológica mais ampla no que concerne ao todo, bem mais do que antes. Ao longo desse ano, percebemos que os alunos estão se preocupando mais com os espaços da escola e da cidade. Todos são chamados a cuidar do meio ambiente e a aplicar o que aprendem na escola e na vida.
Elissandro Santana:
Esses projetos são sustentáveis, de fato, mas, para além da questão ambiental, já é perceptível um discurso da escola como um espaço para a formação no âmbito da sustentabilidade mental, tanto entre os docentes como entre os discentes?
Professor Wellington Salgado:
Sim, isso já é perceptível nas práticas pedagógicas e nas discussões na escola. Tudo ficou visível a partir dos círculos de palestras que aguçam a curiosidade de nossos alunos em relação aos temas da sustentabilidade e do meio ambiente.
Elissandro Santana:
Certa vez, dialogando com o professor Denys Henrique Rodrigues Câmara, docente-pesquisador com o qual tenho resultados de pesquisa publicados na Revista Ecodebate, no Portal Desacato e em outros meios, que atua nesta instituição, na área de linguagem, mais especificamente, em língua inglesa, indaguei-lhe acerca da forma como fazia discussões socioambientais na área de língua estrangeira e ele, de forma muito madura, externou-me que mesmo antes do CEPAC tornar-se um Complexo Integrado de Ensino em tempo integral, já elaborava discussões e embates pedagógicos no que tange às questões socioambientais, mostrando a importância de se pensar os problemas ambientais em um mundo cada vez mais dominado pela lógica capital, mas que, de fato, com a escola em tempo integral, a partir dos projetos que foram implantados, ficou muito mais viável discutir temáticas como a sustentabilidade, por exemplo, de forma transdisciplinar. Outra docente-pesquisadora que atua nesta instituição com a qual mantenho diálogos e embates científico-pedagógicos é Martha Matos e ela, em nossas tertúlias a partir do mundo virtual, também sempre deixou bastante evidente que no âmbito da linguagem, mesmo antes do CEPAC se transformar em escola em tempo integral, já fazia discussões na perspectiva da sustentabilidade em vertentes diversas, como, por exemplo, no campo mental e das ações, mostrando ao corpo discente a importância da ecologia da convivência, ainda que não com esse rótulo específico, e do respeito às diferenças, mas que após a passagem para o ensino integral isso ficou mais latente, tendo em vista que espaços interdisciplinares de discussões começaram a ocorrer na escola.
Diante de tudo o que mencionei e aproveitando a oportunidade, gostaria de saber o que o Senhor, como articulador pedagógico do CIEPS, tem feito para que a transdisciplinaridade, cada vez mais, se efetive nas práxis pedagógicas docentes na instituição.
Professor Wellington Salgado:
Estamos no começo de uma nova era no CIEPS. Nesse sentido, é muito complicado falar e aplicar a sustentabilidade no dia a dia, mas não é impossível! A equipe pedagógica se preocupa diariamente em que a interdisciplinaridade ou a transdisciplinaridade sejam aplicadas em cada sala. Como estamos fazendo isso? A partir da formação do docente com o apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia, ajuda das secretarias de educação, saúde e meio ambiente da Prefeitura da cidade de Porto Seguro, planejamento voltado para cada eixo temático de forma que o docente seja capaz de perceber, conscientizar-se e conscientizar nossos alunos dentro de cada disciplina e do conteúdo dado, sempre atrelado a um projeto e a outras disciplinas. O docente tem que ser um fomentador destes temas dentro do complexo e, claro, todos nós temos que ser este transformador do meio em que estamos inseridos.
Elissandro Santana:
Esta parceria Universidade-CIEPS, realmente, é importante e desponta como um caminho de mão dupla, no mínimo, pois o complexo de ensino ganha com a presença da universidade e esta também ganha atuando, diretamente, na educação básica, haja vista que, no CIEPS, a UFSB proporciona ao discente das licenciaturas que possui uma formação para além da teoria. Ante o exposto, gostaria de saber por meio de sua opinião de que forma ocorre a parceria Universidade-CIEPS. Hierarquizante ou democrática? Indago, pois, infelizmente, em algumas instituições acadêmicas do Brasil e de outros países, equivocadamente, imperam os discursos de superioridade da universidade como um espaço mais propício para a mudança, quando, na verdade, na prática, as mudanças ocorrem em todos os espaços.
Professor Wellington Salgado:
A parceria com a UFSB tem se dado de forma democrática. A Secretaria de Educação do Estado da Bahia, quando fez esta parceria com a Universidade Federal, durante todo o tempo deixou deveras claro que todo processo dos complexos integrados de educação teria que se dar democraticamente. A escola tem uma história, são 60 anos de Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral que não podem ser deixados de lado.
Quando a Universidade Federal trouxe o projeto para nós do CEPAC, houve momentos para discussões, diálogos e troca de informações acerca do que seria essa proposta, para que o processo não ocorresse de forma hierarquizada e totalitarista.
Claro que não foi fácil para nós aceitarmos essa proposta de imediato, pois chegou a nós de forma vertical, mas, aos poucos, foi se transformando e, hoje, de forma horizontal, estamos construindo o CIEPS.
Muitas coisas vieram de forma pronta, mas tudo foi dialogado e discutido para chegar ao que somos hoje.
Elissandro Santana:
O Senhor que viveu as duas experiências, a do antigo CEPAC e, agora, a do CIEPS, poderia descrever as principais mudanças no campo pedagógico do atual complexo integrado?
Professor Wellington Salgado:
Anteriormente, não tínhamos uma equipe pedagógica e um coordenador pedagógico. As práticas pedagógicas, até então, eram poucas e individualistas/individualizadas, muitas vezes, insignificantes. Poucos professores tinham uma consciência de seu papel de educador e transformador da sociedade. Hoje, trabalhamos em equipe, interdisciplinar e transdisciplinar, com projetos que têm significado e aplicabilidade. Cada vez mais, estamos trabalhando em prol da formação do docente, com possibilidades reais e próximas de nós, como o mestrado que será oferecido pela universidade aqui no campus de Porto Seguro, a capacitação dos docentes em línguas estrangeiras como o inglês, o alemão e o francês.
O Estado sempre se preocupou com a formação do docente, mas, agora, temos ao/do nosso lado uma Universidade Federal que nos apoia e nos ajuda.
Elissandro Santana:
Caro professor Wellington Salgado, a educação ambiental tem servido para aproximar os corpos docentes e discentes? De que forma?
Professor Wellington Salgado:
No quotidiano, professores e alunos nas suas práticas pedagógicas estão podendo interagir mais com a natureza através da horta, do paisagismo, do projeto Praia Limpa, entre outros. Levando também professores e alunos a se conhecerem mais, se divertirem mais e a se transformarem mais, e isso fica claro na sala de aula e nos espaços da escola. A indisciplina caiu no ambiente escolar de forma que os alunos se sentem mais integrados. A escola está mais aberta à comunidade. Hoje, nós temos a presença dos pais, das mães e dos responsáveis com mais frequência.
Elissandro Santana:
Essas ações ambientais no CIEPS estão ultrapassando os muros da escola? De que forma?
Professor Wellington Salgado:
Sim. Tivemos, no dia do estudante, a execução do projeto Praia Limpa, realizado com os docentes da área de linguagens de nosso CIEPS, com a participação ativa de nossos discentes e de alguns funcionários da escola em que todos foram para a orla norte de nossa cidade para recolher e coletar o lixo deixado pelas pessoas, como forma de conscientização e de transformação da sociedade. Foi um momento ímpar! Docentes e discentes puderam perceber a sujeira e a realidade de nossas praias. A referida ação a partir do projeto Praia Limpa deixou a todos inquietos e querendo mais e mais no que concerne ao cuidado de nosso planeta.
Elissandro Santana:
Para encerrar nosso encontro, gostaria de saber qual a sua opinião acerca do papel da educação ambiental, em campos amplos, para a concretização de uma escola que caminhe pelos sendeiros da libertação das consciências, do pensar e do agir. O corpo docente tem se modificado na forma de educar, pensar e agir ou continua enraizado em práticas clássicas de pensar a educação, mesmo nessa nova realidade?
Professor Wellington Salgado:
Há modificações no corpo docente na forma de pensar e agir, porém é um processo! Temos muitos vícios pedagógicos de uma escola tradicionalista e que o docente tem o poder pleno dentro da escola. Estamos buscando superar e esquecer essas práticas e respirar novos ares.
As ações ambientais estão ultrapassando os muros da escola de forma visível nas atitudes dos docentes, dos discentes e de todos os funcionários do CIEPS.
Entrevista com o Professor Denys Henrique Rodrigues Câmara
Elissandro Santana:
Caro Professor Denys Henrique R. Câmara, ao longo de anos, devido à nossa proximidade, sempre dialogamos sobre a importância da língua estrangeira (LE) no processo de formação do aluno para a consciência eco planetária. Desde a época em que o senhor atuava na Educação Básica em escolas da capital baiana, sempre percebi a sua preocupação com um ensino de LE que despontasse como espaço para trânsitos culturais, para saberes sociais, sociolinguísticos e, principalmente, para a formação do cidadão com sensibilidade para os vários problemas que atingem as sociedades e o planeta como um todo.
Atualmente, o Senhor leciona no Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro, uma instituição totalmente diferente dos espaços tradicionais pelos quais já passou. Enfim, diante dessa empiria no ensino integral no CIEPS, poderia discorrer sobre a importância do ensino de LE para a formação do cidadão planetário e, em especial, como discute as questões socioambientais com o corpo discente da instituição na qual atua e quais mudanças no campo das ações percebe nos atores educacionais na/da instituição?
Professor Denys Henrique Rodrigues Câmara:
Em primeiro lugar, gostaria de salientar que, por diversas vezes, já pontuamos em muitas de nossas conversas na perspectiva da linguística, das discussões sociolinguísticas, da geolinguística, das questões ambientais e até no âmbito da política que tudo se dá a partir da dialogicidade ancorada no saber que o outro traz e que comporta para a construção de outridades e trocas culturais.
Para seu conhecimento, continuo acreditando no ensino de LE como espaço imprescindível para diálogos em torno do trânsito cultural em consonância com aquilo no qual você pontua no artigo “DO GIZ AO AVA: A IMPORTÂNCIA DE UM CENTRO VIRTUAL DE ENSINO DE LÍNGUA E CULTURA HISPANO-AMERICANA PARA DISCENTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE SALVADOR-BAHIA”, publicado na Revista Letrando, na edição de julho a dezembro de 2012, volume II: “Há quem diga que toda língua e cultura é uma janela ou porta que se abre para o mundo e, à luz da Linguística Aplicada e de outras vertentes da Linguística, tem-se que o ato de estudar uma língua estrangeira surge como a oportunidade de outro olhar, respeito e integração com outros povos, costumes e cultura em geral.”.
Sigo concordando com tal premissa e, por isso, em minhas aulas de inglês no CIEPS, diante do espaço transdisciplinar propício a partir da Pedagogia de Projetos para a humanização de saberes, fato que só foi possível devido aos intercâmbios com a Universidade Federal do Sul da Bahia, nos quais, muitos de nós, docentes do Complexo Integrado, começamos a perceber que os saberes estão em redes, em uma teia de conhecimento e que, por isso, processam-se a partir da dialogicidade.
Por meio da percepção do saber em rede e, principalmente, diante do papel de integração que a LE desempenha na formação do aluno, abrindo possibilidades de discussões em campos transversais, passando por temas como cultura dos povos da língua-alvo, história dos povos da língua meta, produtos culturais pertencentes aos domínios da língua inglesa, em meu caso específico, como professor de inglês, sendo que isso também é possível em outros idiomas como o espanhol, por exemplo, em meus encontros de aprendizagem com o corpo discente do CIEPS sempre busquei discutir problemas do mundo real, partindo do pressuposto de que o ensino de língua não pode e não deve arvorar-se na lógica do aquário, já que a língua é um elemento que permite construir saberes no mar aberto e esse mar é a sociedade com seus construtos, problemas e questões a serem resolvidos. Para chegar a essa concepção, claro, tive que fazer leituras em torno de teóricos da Linguística Aplicada, como Moita Lopes, de outras vertentes da Linguística e de outras áreas do conhecimento.
No CIEPS, em minhas discussões em língua inglesa, busco sempre compreender as necessidades dos alunos, o que nem sempre consigo, dado que eu mesmo, enquanto docente, estou em eterna construção, no desenrolar da trama dos saberes por construir. Mas, mesmo em meio às dificuldades encontradas/vivenciadas, busco mostrar, por exemplo, no campo da sustentabilidade, que diante da dimensão e alcance global da língua inglesa, aprendendo-a, o falante poderá interagir com outros falantes ao redor do mundo e, desta forma, tomar contato com os problemas ambientais e sociais pelos quais passam os outros povos em seus respectivos lugares de fala e atuação no mundo.
Nesse segundo trimestre, por exemplo, por meio do eixo da sustentabilidade e do meio ambiente, apresentei vídeos aos discentes para que fizéssemos debates em torno de filmes em inglês que versam sobre a questão ambiental. Ademais, apresentei um vídeo, em inglês, de uma menina que na grande Eco 92, no Rio de Janeiro, deixou vários líderes mundiais impressionados, pela desenvoltura, competência e sensibilidade ambiental com a qual discorreu para todos conclamando o mundo à mudança.
Enfim, no CIEPS, sempre que possível, de alguma forma, as áreas do conhecimento dialogam, seja na prática pedagógica individual de cada docente a partir da discussão de temas afins, como a sustentabilidade, por exemplo, como, também, nos encontros de atividades com os articuladores de área e com o articulador pedagógico, Professor Wellington Salgado.
Como disciplina isolada, o inglês, independente das discussões transversais que eu possa fazer, não causaria impacto significativo amplo, se não fosse a revolução que está em curso no CIEPS em relação a todos os nossos colegas docentes. Os alunos estão percebendo mudanças em todos nós, estão colaborando diretamente para a nossa mudança como, também, para a própria mudança deles, de forma individual e coletiva. É perceptível um brilho no olhar de todos/todas os/as meus/minhas companheiros/companheiras docentes na escola e tal fator provoca, de certa maneira, um efeito em rede.
Desde a horta escolar ao paisagismo, projetos desenvolvidos pelos/as colegas das Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias ao Projeto Praia limpa, desenvolvido pelos docentes da área de linguagens, bem como em relação a outras ações executadas na escola, como a reestruturação da biblioteca, otimização espacial escolar e outras questões, pode-se compreender que a educação ambiental tem sido uma prática recorrente em todos e isso interfere, positivamente, na própria visão de integração do aluno no tangente à escola.
Enfim, o CIEPS é outra escola bem diferente do antigo CEPAC, um espaço que provoca mudanças em todos nós, no âmbito da gestão, dos discentes, do corpo docente, do corpo técnico administrativo e de outros atores pertencentes ou que dialogam, direta ou indiretamente, com o CIEPS.
Elissandro Santana:
Professor Denys Henrique Rodrigues Câmara, o professor Wellington Salgado mencionou que as questões ambientais têm contribuído para mudanças no CIEPS, citando que as ações nesse sentido já ultrapassaram os muros da instituição, como o projeto Praia Limpa, desenvolvido pelos professores da área de linguagens. Na oportunidade, ele disse que no dia 11 do corrente mês e ano, em comemoração ao dia dos estudantes, houve uma ação de retirada de resíduos sólidos em praias da Orla Norte de Porto Seguro. Por fim, gostaria que apresentasse o que é esse projeto Praia Limpa e quais resultados foram alcançados no dia 11.
Professor Denys Henrique Rodrigues Câmara:
Bem, como esse projeto é desenvolvido por todos nós professores da área de linguagem, o que posso fazer é apresentar aquilo que entendo acerca do Projeto Praia Limpa. Para entender o que é o projeto, de fato, e seu campo de atuação, seria interessante e oportuno que a Desacato entrasse em contato com outros professores da área de linguagens, portanto, fica a dica, para que, assim, outros elementos que, porventura, não sejam apresentados por mim, venham à tona por meio das vozes plurais dos meus/minhas queridos/as colegas de área.
Então, o Projeto Praia Limpa é uma das ações e vertentes do Projeto Pachamama do CIEPS, dessa forma, pode-se entendê-lo com um subprojeto de um projeto maior. Para a execução das ações no dia 11 deste mês, foram necessárias discussões em torno de questões como logística, como conseguir ônibus, lixeiras, distribuição das turmas, filmagens, fotografias e coisas do tipo. Além disso, foram pensadas questões em torno do lanche para o corpo docente e discente envolvido na coleta de resíduos sólidos nas praias do perímetro da Orla Norte de Porto Seguro. Foram feitos levantamentos em torno dos professores padrinhos, ou seja, qual professor ficaria por turma para fazer o percurso delimitado. Inicialmente, foram mapeados os seguintes pontos de coleta: Praia do Cruzeiro até João da Sunga, Axé Moi até João da Sunga e Tôa Tôa até João da Sunga, mas não sei, exatamente, se todos esses espaços foram atingidos em totalidade. Cada ponto ficou com uma equipe de professores responsáveis.
Como não tenho a dimensão total dos pontos atingidos pela coleta, dado que fiquei somente em um determinado ponto, o que posso mencionar é que mesmo fazendo parte da equipe que ficou responsável por passar pelo ponto recolhendo os resíduos que não haviam sido visualizados pela equipe anterior, externo que foi triste perceber que nossas praias, infelizmente, não são bem cuidadas, pois, em determinados pontos, principalmente nos cantos onde há presença de vegetação, encontram-se garrafas, plásticos e outros resíduos são jogados em qualquer espaço. Isso tudo é resultante da ausência de políticas sólidas de gestão e passa, também, por um problema de falta de educação ambiental dos frequentadores dos referidos espaços da orla.
Sobre os resultados alcançados na ação, para além da retirada do lixo, há a formação da consciência e a sensibilização de todos os atores da escola que se envolveram na execução do projeto. Com certeza, dentre as lições que ficam, podem ser citadas as seguintes: formação do aluno ecocidadão, mudança cultural na relação sociedade-meio ambiente de todos os agentes que participaram do projeto Praia Limpa, limpeza dos espaços e, principalmente, o impacto que a ação ambiental pode ter provocado no imaginário de todas as pessoas e banhistas que estavam na praia naquele momento.
Para finalizar, posso dizer que o projeto Praia Limpa foi além da retirada de lixo da praia e despontou como um exercício de escola cidadã comprometida com o meio ambiente, por isso, pode ter sensibilizado outros atores para além da comunidade escolar do CIEPS.