Um grupo de índios Guarani Kaiowá realizou ontem (17), desde as 15h, ato em frente ao Palácio do Planalto. Com cartazes denunciando o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff, os manifestantes repudiam possíveis retrocessos na política de demarcação de terras tradicionais. Eles realizam rituais, rezas, cantos e danças tradicionais. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou uma nota na segunda-feira enfatizando “que Temer pretende revogar atos administrativos de demarcação de terras indígenas publicados no governo Dilma”.
“Temer parece disposto a ser ainda mais subserviente e serviçal aos interesses financeiros dos conglomerados empresariais, de capital nacional e internacional, representados pela bancada ruralista, pela Confederação Nacional da Agricultura e pelo Instituto Pensar Agro. Para estes, a Constituição e o povo brasileiro são o que menos importa”, afirma a nota.
Temer assinou na quinta-feira passada (12), data de sua posse como presidente interino, uma medida provisória que atribui a demarcação de terras de quilombolas ao Ministério da Educação e Cultura. A pasta está sob os cuidados de Mendonça Filho (DEM-PE). Seu partido é ligado aos interesses dos ruralistas e do agronegócio.
“O Cimi presta solidariedade aos quilombolas do nosso país, golpeados por Temer que entregou a responsabilidade pela titulação de suas terras ao DEM, partido que questiona judicialmente, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a constitucionalidade do decreto que regula a matéria”, disse. Temerosos, os indígenas em Brasília afirmam que não devem sair de lá até haver a demarcação e homologação das terras tradicionais no Mato Grosso do Sul.