Na primeira atividade da assembleia reuniram-se representantes por continente. Na reunião da América Latina constatou-se que os países dessa região passam por uma situação econômica bastante instável e, politicamente, há forte tendência de assunção de governos com clara posição capitalista que viriam a implementar um programa político econômico fortemente neoliberal, típico de um capitalismo que contribui para o empobrecimento coletivo e para a miséria individual.
Da América Latina e Caribe, estavam reunidos Carmen Bressane, pelo Brasil; Gonzalo Gomes, pela Venezuela; Guillermo Berganza, representando a Argentina; Camille Chalmers, pelo Haiti; Ramiro Chimuris, pelo Uruguai; e William Gaviria, da Colômbia. As discussões foram coordenadas por Maria Elena Saludas, da Argentina e Eric Toussaint, da Bélgica.
Paralelamente ocorreram reuniões de representantes da África, Europa e Ásia.
ASSEMBLEIA GERAL
Na Assembleia Geral, com a participação de representantes dos diversos países e dos membros da Coordenação e dos Secretariados do CADTM, foram expostos resumos das situações de cada continente.
Chamou a atenção a questão das lutas das mulheres em relação à questão da dívida e do microcrédito, que têm representado um gravíssimo problema, principalmente na África.
A Assembleia Geral aprovou alteração estatutária do CADTM para garantir maior efetividade à paridade homem/mulher no âmbito da rede.
Outra alteração relevante foi a mudança no nome da CADTM: de Comitê para Anulação da Dívida do Terceiro Mundo para Comitê para Abolição das Dívidas Ilegítimas. A mudança é motivada pela luta contra as dívidas ilegítimas que subjugam povos em todo o planeta e, portanto, todas serão objeto de luta do CADTM.
A assembleia também decidiu pela ampliação da luta, abrangendo, além das dívidas públicas, as privadas, que têm feito vítimas em larga escala no mundo todo, com micro créditos abusivos e práticas de agiotagem.
CONCLUSÕES
Ao final, a assembleia da CADTM reivindicou seu envolvimento anti-capitalista, feminista, internacionalista e quer recordar que, na luta contra todas as formas de opressão, coloca-se no coração da ação educação popular, da mobilização, da desobediência civil e da auto-organização das lutas.
Com isso, a rede mundial reafirma a luta contra as políticas econômicas neoliberais que impõem sacrifícios às populações dos países para fazer superávit primário para pagamento de dívidas públicas cuja origem, legalidade e legitimidade não são comprovadas. Confirma o esforço de buscar justiça e igualdade de gêneros nas sociedades, com vistas a eliminar a predominância masculina sobre as mulheres. E mantém todo o empenho no empoderamento popular a fim de fomentar e orientar a mobilização das sociedades para lutar pelas auditorias das dívidas dos países.
A Assembleia manteve a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida – ACD, Maria Lucia Fattorelli como representante do Conselho Internacional para a região AYNA (América Latina e Caribe), e Maria Elena Saludas, da Argentina, como substituta.
Ficou reforçada a posição dos países participantes relativa ao empenho de todos para conseguir uma Auditoria Cidadã da Dívida de seus países. Em um de seus pronunciamentos Eric Toussaint lembrou que o termo “Auditoria Cidadã da Dívida” foi criado por Fattorelli. De fato, o nome surgiu no Brasil, em reunião com a participação de cerca de 80 lideranças nacionais, realizadas logo após o grande Plebiscito Popular realizado no ano 2000, quando esse mesmo coletivo designou Maria Lucia para coordenar o movimento.
A Assembleia foi encerrada com o comprometimento dos representantes em continuar lutando para implementar comités de auditoria cidadã em outros países e realizar mais intercâmbio entre os membros do CADTM da América latina/Caribe e destes com os membros do CADTM África.