Gilmar é inconcebível em qualquer Corte

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

No evento do Barão de Itararé, em que o Paulo Moreia Leite lançou seu livro sobre a Lava Jato, um dos debatedores foi Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB-Rio.(Por falar nisso, por que a OAB não subscreveu a Carta Aberta dos Advogados? Ah, que saudades do Raymundo Faoro!)

Wadih Damous fez observações afiadas, aqui reproduzidas de forma não literal:

– Vivemos a ditadura do senso comum: punir!

– O espetáculo no PiG gera a exemplaridade, o linchamento – hoje, o Brasil é apenas formalmente democrático.

– Um Poder Judiciário poderosíssimo é típico de Constituições “de virada”, da passagem de um regime ditatorial para um democrático.

– O Ministério Público do Brasil é o mais poderoso do mundo e o mais arbitrário.

– Foi correto o PT ir ao Supremo para impedir o Golpe do impeachment do Cunha na Câmara.

– Moro faz política.

– Moro é partidário.

– Vazamentos jogam a favor de um projeto político-partidário.

– Há um debate que não se trava no Brasil – o que fazer quando há conflito entre “direitos fundamentais” e “liberdade de expressão”.

– Nos Estados Unidos, prevalece invariavelmente a “liberdade de expressão”.

– A menos que um jornalista mude, subverta uma decisão da Justiça, pressione diretamente o júri.

– Na Corte da União Europeia, não. A liberdade de expressão não pode suprimir um direito fundamental, como a presunção de inocência!

– Na Europa, um jornalista, em nome da liberdade de expressão não pode contaminar o direito a um “free trial”.

– Na Áustria, um jornalista foi condenado porque perseguiu um ex-ministro sob julgamento!

– É aceitável o PiG tomar partido num julgamento e divulgar só versão da acusação?

– Onde estaria o Merval, na Áustria?

(- E o Chico Caruso? – PHA)

– Dias depois da divulgação da Carta Aberta dos Advogados Caruso publica uma charge no Globo em que o xerife chega no saloon e descobre que os advogados são piores que os bandidos!

(No “Quarto Poder”, há uma descrição serena da conversão do Chico Caruso à causa da liberdade dos filhos do Roberto Marinho – PHA)

(O dia em que o Chico Caruso for processado, ele não vai constituir advogado: vai contratar o Merval – PHA)

– É aceitável que o PiG tome partido em julgamento em curso, só com a versão da acusação?

– Vazamento é crime, mas falta tipificar como crime!

(O ansioso blogueiro observou, à parte, “é, mas não temos Ministro da Justiça”…

Um gentleman, Damous preferiu não comentar.

É óbvio que Damous deveria estar no lugar do zé da Justiça há muito tempo! – PHA)

– É isso o que o Moro encarna: o senso comum: mais punição!

– E o Ministério Público? Para combater a corrupção (de um lado só) vale tudo.

– Prisão preventiva para obter delação é análoga à tortura.

– São condenações anunciadas no noticiário!

– A presunção de inocência é um princípio civilizatório.

– É impensável um Gilmar Mendes (PSDB-MT) – PHA – Mendes numa corte constitucional em qualquer lugar do mundo! – impeachment nele!

Imagem tomada de: www.em.com.br

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