Ocupação Guerreira Dandara, na SC 401 de Florianópolis

 

Redação de Desacato.info.

A ocupação pacífica desta terra ociosa, à margem da 401, defende a produção de alimentos em Florianópolis.

Segundo o sítio ND Online, 4 viaturas estão no terreno e o juiz O juiz Hélio do Valle Pereira, esteve no local hoje cedo para determinar a reintegração de posse.

Os policiais estão negociando com as famílias e até agora (11:24 – 19/12) não se registram conflitos.

Conheça o manifesto da Ocupação Guerreira Dandara

ÀS TRABALHADORAS E TRABALHADORES DE FLORIANÓPOLIS

A cidade de Florianópolis vive hoje uma das maiores especulações imobiliárias de todo o Brasil.
A cada, o valor de aluguéis aumenta e consome uma parte cada vez maior de nossos salários.
É cada vez mais dinheiro para o aluguel e menos dinheiro para alimentar nossos filhos com um pouco de dignidade.
A pouca comida que podemos comprar está completamente envenenada com agrotóxicos, enquanto os alimentos orgânicos são muito mais caros, reduzindo o acesso a esses produtos por famílias de baixa renda.
Enquanto isso, o setor imobiliário, empreiteiras e grandes empresas como as redes de supermercados dominam áreas cada vez maiores da cidade, sem nenhum compromisso com as trabalhadoras e trabalhadores que aqui residem e circulam.
Um exemplo do descompromisso atual é a tentativa de construção de um grande hotel de luxo na Ponta do Coral, na Avenida Beira Mar Norte, local que vem há mais de 20 anos sendo reivindicado para a construção de um parque público para a cidade.
Os governos municipal, estadual e federal, principalmente nos momentos de crise, como o que vivemos agora em 2015, colocam-se ao ao lado dos grandes banqueiros e empresários, retirando direitos dos trabalhadores conquistados com muita luta e organização de nossos pais e avós.
Hoje vivemos uma redução de salários, aumento da idade para aposentadoria, sucateamento da educação e da saúde, total descaso com a reforma agrária e com a construção de casas populares.
Ainda por cima somos obrigados a pagar a conta da crise gerada pelos bancos e grandes empresas transnacionais, através das demissões, aumento de impostos, alta taxa de juros, aumento de aluguéis, ou seja, tudo para garantir o futuro de uma minoria exploradora.
Este Natal, só em SC, mais de 4000 famílias perderam seus empregos, tornando impossível aquilo que já era difícil: sobreviver, ter um teto e dar uma vida digna a suas filhas e filhos.
O governo de César Souza, assim como as gestões anteriores, não possui nenhum compromisso em resolver o problema de falta de moradia na cidade, mantendo praticamente parado o cadastro de mais de 20 mil famílias que vivem em condições de moradia precárias e em áreas de risco, enquanto diversos espaços de Florianópolis estão vazios e sem cumprir sua função social de serem lugares para moradia e trabalho.

Desta maneira, não resta alternativa a nós trabalhadoras e trabalhadores senão tomar as rédeas de nosso próprio destino, organizar e lutar por uma vida digna, sem exploração, para nós, nossos filhos e filhas, com terra e moradia de qualidade!
Não podemos admitir que em Florianópolis, com tantas áreas paradas, seja possível existir um déficit de mais de 20 mil famílias sem moradia digna e com 95% de sua produção de alimentos fora da cidade!
Exigimos espaços públicos e coletivos para poder trabalhar na terra e plantar alimentos, e a cidade de Florianópolis pode oferecer isso.
Por essa razão, ocupamos o terreno localizado na SC-401. Terreno que, como provado já em 2014, pelo Ministério Público Federal, é fruto de uma terra roubada pelo ex-deputado Artêmio Paludo, e que se encontra há mais de 15 anos parado, a serviço da especulação imobiliária, sem cumprir sua função social de abrigar famílias e produzir alimentos para a população.
Toda terra grilada, como essa, ou que não cumpra sua função social, deve ser desapropriada para fins de reforma agrária e construção de moradias para famílias de baixa renda. Somos trabalhadores e trabalhadoras, agricultores e pescadores, estudantes, professoras, estamos juntos e convocando a todos nós trabalhadores a se juntar nessa mobilização.
Aqui lutamos por uma terra livre de exploração, com moradia e trabalho, e para isso é fundamental que tenhamos um pedaço de terra para viver e gerar nossa própria renda, sem depender daqueles que nos exploram e sempre nos exploraram.
Somos o povo organizado, juntos e cada vez mais fortes.
Quem quiser se juntar à luta, construir nossa ocupação e batalhar por uma moradia, terra e trabalho, venha!
“Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa”.

Ocupação Guerreira Dandara.
Dezembro 2015
“Aqui vivemos, aqui lutamos”

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