O catarinense Fernando Evangelista lança no sábado, 19, às 19h, na Barca dos Livros Biblioteca, no Lagoa Iate Clube (LIC), o livro O Piano de Casablanca (editora Insular). Dividido em duas partes, o livro é composto por 20 crônicas do cotidiano e 20 crônicas em áreas de conflito. Ex-correspondente da revista Caros Amigos, Fernando cobriu três guerras no Oriente Médio, além do conflito entre curdos e turcos no Leste da Turquia.
Na primeira parte do livro, o autor aborda assuntos dos mais variados – desde um misterioso delito em um colégio católico nos anos 1980, em Florianópolis, passando pela angústia de um filho em sua relação com o pai, até detalhes da surpreendente história das 15 mil latas de maconha que chegaram boiando nas praias brasileiras em 1987. São textos sensíveis e despretensiosos.
De acordo com o autor, o desafio maior na produção do livro foi manter este tom leve nas crônicas de guerra. “Em alguns momentos, eu me perguntei se isso seria possível e se seria ético escrever deste modo diante de tanta tragédia”, reconhece.
Tendo como base as anotações pessoais daquela época, Fernando relata em terceira pessoa os bastidores dessas reportagens no Oriente Médio. “Fiz estas coberturas com 20 e poucos anos e meu objetivo era manter o mesmo olhar de espanto, de surpresa e muitas vezes de ingenuidade daquele período”, afirma. As crônicas que compõem esta segunda parte do livro começam em ritmo de aventura, mas aos poucos se transformam numa contundente denúncia contra as atrocidades das guerras.
Parceiro e personagem
Nessas empreitadas, Fernando Evangelista esteve acompanhado do fotógrafo italiano Matt Corner, que na coletânea aparece com o nome de Pierluigi Salvatore, o Giggio. A dupla colecionou histórias que vão do drama à comédia.
Em 2002, em Ramallah, a dupla testemunhou a Operação Escudo Defensivo, a última grande batalha entre o israelense Ariel Sharon e o palestino Yasser Arafat. Fernando foi o único repórter brasileiro a acompanhar o início dessa operação.
Em junho do ano seguinte, a dupla esteve no Iraque, logo após a tomada da capital pelas forças de coalizão. Em Bagdá, na praça central da cidade, circundada por tanques e soldados, um engenheiro local quis saber de onde vinha aquele repórter. “Do Brasil”, respondeu Fernando. Então, com espanto sincero, o iraquiano pegou nos braços do catarinense e perguntou: “Do Brasil? E você não tem medo de morar lá? Não é muito perigoso?”.
O título do livro vem da crônica que conta a história, real, da parceria de um maestro e de um menino na composição de uma música para um festival. O sonho desse maestro era tocar no piano do filme Casablanca, de 1942. A imagem da capa, do italiano Matt Corner, foi batida em Diyarbakir, no leste da Turquia em 2007, na celebração do ano novo curdo.
O lançamento começa às 19h, seguido de um coquetel, música e uma miniapresentação teatral com Lele Casali. |