Refugiados no Brasil passam de 8.000, segundo Conare; governo lança campanha de conscientização

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Por Rodrigo Borges Delfim, do MigraMundo. O crescimento do deslocamento forçado de pessoas no mundo também é notado no Brasil. De acordo com os dados mais recentes do Conare (Comitê Nacional para Refugiados), o país conta atualmente com 8.400 refugiados. No balanço anterior, eram 7.745 refugiados.

Ainda segundo órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, os sírios são a nacionalidade mais numerosa entre os refugiados no Brasil, ( 2.077), seguidos por Angola (1.480), Colômbia (1.093), República Democrática do Congo (844) e Líbano (389). No entanto, mesmo sendo o dobro do registrado há quatro anos (4.218) e considerando ainda 12,6 mil solicitações de refúgio aguardando julgamento pelo Conare, o número de refugiados no país é muito pequeno levando em conta o contexto global.

De acordo com o Global Trends 2014 (baixe aqui), balanço mais recente do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), o mundo tem hoje 59,5 milhões de pessoas deslocadas, sendo que 13,9 milhões delas tiveram de ir para outros países – o que as qualifica como refugiadas. Delas, a maioria é da Síria (3,88 milhões), Afeganistão (2,59 milhões) e Somália (1,11 milhão). Já entre os países que mais recebem refugiados, a Turquia lidera (1,59 milhão), seguida por Paquistão (1,51 milhão), Líbano (1,15 milhão), Irã (982 mil), Etiópia (659,5 mil) e Jordânia (654,1 mil).

Ainda comparando refúgio no mundo com o Brasil, o total de refugiados por aqui é facilmente superado sozinho por campos de refugiados mundo afora, em geral próximos a regiões de conflito. Só campo de refugiados de Daddab (Quênia), considerado o maior do mundo, tem uma população estimada entre 350 mil e 500 mil pessoas.

Ministério lança campanha sobre refúgio

Mesmo com essa comparação, casos de xenofobia contra migrantes (entre os quais estão os refugiados) preocupam e são uma realidade no Brasil. Por conta disso, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, lançou no último dia 19 uma campanha de conscientização da sociedade sobre o tema, aproveitando o Dia Internacional Humanitário (World Humanitarian Day) lembrado na mesma data.

Com as hashtags #refugiados e #CompartilheHumanidade, esta última em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), a campanha do MJ será veiculada nas redes sociais. As peças trazem depoimentos de refugiados de várias partes do mundo. São histórias comoventes, de dor, mas também de superação. “Trata-se de um esforço a mais para conscientizar nossa sociedade sobre a assistência humanitária e sobre o nosso papel solidário diante de tragédias que afetam uma grande parcela da humanidade”, destaca o secretário nacional de Justiça do ministério, Beto Vasconcelos.

A campanha deve ser um dos temas debatidos no 8° Seminário “Conversas Sobre a África: O Brasil diante dos desafios de um novo ciclo de imigração”, que acontece no próximo dia 26 de agosto no Sindicato dos Bancários de São Paulo, na região central da capital paulista. Promovido pelo Instituto Lula, o evento terá como debatedores

Os comentários postados na página do ministério e em outras páginas na internet por conta da campanha mostram que a tarefa será árdua e não pode ficar limitada a um ou poucos atos isolados. Comentário do tipo “o governo tem de olhar primeiro para os brasileiros” ou ainda a teoria conspiratória de que “os imigrantes são todos com idade militar e serviriam como massa de manobra militar e eleitoral do PT” mostram como o tema carece de esclarecimento junto à população.

Também está em curso no Conare uma reforma administrativa no comitê que deve agilizar a apreciação dos pedidos de refúgio no Brasil. “Com ela [a reforma], o objetivo é que o tempo seja reduzido. Queremos entrar em um patamar que seja considerado bom em nível internacional, em menos de três meses”, afirmou Paulo Guerra, diretor-adjunto do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, durante encontro em junho passado em São Paulo que debateu desafios e soluções para a temática do refúgio no Brasil.

Foto: Reprodução/MigraMundo

Fonte: MigraMundo

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