Ada Colau: “Barcelona e Madrid podem ser eixo de revolução democrática no Sul da Europa”

Ada Colau

Em entrevista ao diário catalão El Periódico, Ada Colau diz confiar que Manuela Carmena seja indicada para liderar a Câmara de Madrid e assim “consolidar não apenas um eixo social, mas também de revolução democrática que está em marcha em Barcelona, na Catalunha, no Estado, no Sul da Europa, e espero que ainda mais longe”.

No caso de Barcelona, Ada Colau reconhece que as negociações para o próximo mandato não tornam possível o cumprimento de todo o programa eleitoral, embora “haja muitas coincidências programáticas” entre as listas de esquerda que farão parte do futuro executivo. Sobre o possível temor da burguesia de Barcelona em relação ao seu programa, a nova ‘alcaldesa’ responde que “nós nos devem temer os corruptos e os especuladores que queiram violar direitos e não pagar impostos”.

Nesta entrevista, Colau responde a problemas concretos da cidade, como a “invasão do turismo”. Colau quer “evitar guetos que afastem os moradores, como acontece no centro histórico”, e promete introduzir uma moratória a novas licenças e a fiscalização apertada de todos os alojamentos turísticos para “combater a ilegalidade e incentivar o legal”. Para a nova ‘alcaldesa’ de Barcelona, as taxas do turismo devem reverter para os bairros mais afetados pelo turismo de massas. “Mas sobretudo deve haver um plano estratégico que ouça os moradores e moradoras. Isso nunca foi feito”, assinala.

A ativista antidespejos que ganhou as eleições em Barcelona promete ainda fazer tudo para impedir que eles se repitam. “Convocarei as entidades financeiras. É obrigação da Câmara interpelar essas entidades para que respondam a uma situação de emergência”, convertendo as hipotecas em aluguer a preço social. “Podemos sancionar as entidades financeiras que têm andares vazios, coisa que Barcelona ainda não faz”, acrescenta Ada Colau. “Terei todo o prazer em colaborar com os bancos, se eles colaborarem com Barcelona”, conclui.

“O nosso salário será de 2200 euros limpos”

Questionada sobre se mantém a vontade de ir liderar Barcelona a ganhar metade do salário de alguns técnicos sob as suas ordens, Ada Colau confirmou que os vereadores eleitos da lista Barcelona en Comú vão cobrar 2200 euros limpos, e que irá propor uma atitude semelhante aos eleitos dos partidos com quem irá fazer maioria no executivo. “Os cargos eleitos têm de o ser por vocação. Com um salário digno. Nesta cidade, metade das pessoas ganha 1000 euros ou menos. É a altura de dar o exemplo”, justifica.

A nova autarca de Barcelona pretende ainda continuar a utilizar os transportes públicos tanto quanto possível e melhorar a sua oferta na cidade. A aposta na bicicleta como modo de transporte e a racionalização do uso do automóvel são outras das marcas do programa que a elegeu.

Colau anunciou nesta entrevista que irá rever o subsídio municipal ao Grande Prémio de Fórmula 1, por lhe parecer mais prioritário “atribuir 4500 bolsas-alimentação que não foram atribuídas. Achamos bem que se faça essa competição, que já se fazia no passado sem que a Câmara desse subsídios”, recorda. E referindo-se ao caso das obras sem licença da Sagrada Família, o grande destino do turismo religioso na capital catalã, Ada Colau diz que não compreeende que um pequeno comerciante tenha de pagar todos os impostos e “um grande proprietário como a Igreja Católica tenha isenção fiscal e não precise de licença para fazer obras. Isto é inadmissível numa cidade democrática”.

Fonte: Esquerda.net.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.