Por Fernando Diniz.
Em meio a um desentendimento entre deputados no plenário da Câmara, o líder da bancada da bala, Alberto Fraga (DEM-DF), disse nesta quarta-feira (6), em referência à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que merecem apanhar as mulheres que entram na política e batem como homem. “Eu sempre digo que a mulher que entra na política e que bate como homem, tem que apanhar como homem”, repetiu o parlamentar, depois que a colega reclamou de uma agressão física.
A confusão começou em uma discussão entre o deputado Roberto Freire (PPS-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP), que divergiam sobre uma manifestação da Força Sindical, que jogou cédulas falsas de dólares no plenário, enquanto a Câmara discutia a MP 665, que muda regras do seguro-desemprego.
Durante a fala de Orlando Silva, Freire bateu nas costas do deputado do PCdoB. Jandira tentou intervir, mas o parlamentar do PPS tirou o braço dela com força. Depois de reclamar de ter sido agredida, a deputada ouviu a frase do parlamentar do DEM, que gerou protestos da bancada feminina.
“Ninguém pode se prevalecer da condição de mulher para agredir em quem quer que seja. E eu sempre digo que mulher que participa da política e bate como homem, tem que apanhar como homem”, disse Fraga, ao tentar defender Roberto Freire.
Jandira Feghali promete processar o deputado por quebra de decoro parlamentar. “O que envergonha é que deputados, por causa de uma posição política, sustentem uma postura dessa. O que ele disse ali é uma coisa absolutamente fora de qualquer contexto”, disse a deputada, que foi relatora da Lei Maria da Penha.
Chamado de fascista, o deputado Alberto Fraga repetiu suas palavras e rebateu as críticas da deputada. “Ela mostra outras qualidades, de atriz. Primeiro, eu não sou fascista, fascista é quem faz um discurso mentiroso e se escuda no movimento das mulheres”, disse. Após a confusão, Roberto Freire, por sua vez, reconheceu que pode ter tirado o braço da deputada com força e pediu desculpas por isso.
Em nota, deputado diz que “apanhar” tinha sentido político
No fim da sessão, o deputado Alberto Fraga divulgou nota na qual afirma que usou o verbo “apanhar” no sentido político e disse que jamais defendeu a violência contra a mulher. Leia a nota:
“No início da noite de hoje (06), durante sessão de votação, ocorreram fatos lamentáveis no Plenário da Câmara dos Deputados. Com o intuito de defender o colega Roberto Freire, que estava sendo injustamente agredido verbal e fisicamente, me envolvi em uma polêmica com alguns deputados, entre os quais a deputada Jandira Feghalli.
Como ela havia sido extremamente ríspida com o deputado Freire, falei que se ela “bate como homem tem que apanhar como homem”. Esclareço, no entanto, que eu me referia a apanhar no sentido político, no debate das ideias. Reafirmo uma postura que tem permeado minha vida pública e privada: não defendo e jamais defendi a violência contra a mulher ou contra qualquer pessoa.
Ainda no calor do debate, fui acusado por outro parlamentar de ter má fama no Distrito Federal. Ora, se minha fama fosse assim tão ruim eu não teria sido o deputado mais votado no DF. Represento uma parcela importante dos eleitores daqui, homens e mulheres, que se orgulham do meu trabalho na Câmara e são testemunhas do meu respeito às mulheres.
Desde o começa da sessão que analisa as medidas do ajuste fiscal, o que se pretendia era tirar o foco da votação que estava em curso. Ou seja, o governo e seus aliados queriam fazer novamente, assim como haviam feito na terceirização, uma cortina de fumaça para não admitir que as medidas propostas são extremamente nocivas à sociedade brasileira.
Quem conhece a mim e a minha história, sabe que em minha trajetória jamais agredi mulher alguma. Tenho esposa e filha e jamais as destratei ou a qualquer outra mulher, as quais respeito e admiro, inclusive defendendo os movimentos feministas. Mas não vou deixar de dizer as verdades que precisam ser ditas, ainda que tenha que ser criticado por isso.”
Fonte: Terra.