Por Jaine Fidler Rodrigues, para Desacato.info.
Quando olhamos para a história de nossa humanidade, vários aspectos devem ser observados, há determinadas causas com dimensões tão profundas que quanto mais adentramos, mais encontramos. Encontramos raízes, causas, explicações, lacunas abertas e caminhos de desconstrução. Tudo isto, neste contexto, quando falamos da luta mundial das mulheres se torna ainda mais intenso.
Na próxima quarta-feira (8), celebramos, o Dia Mundial da Luta das Mulheres. Luta esta que tem seus primeiros registros notórios a partir de 1900 – muito recente – e se expande até o hoje, aqui e agora. As memórias desta data lembra às mulheres queimadas pela inquisição, as trabalhadoras estadunidenses trancadas numa indústria em chamas, as mulheres responsáveis pelo “levante das 20 mil”, lembramos também da figura da marxista alemã Clara Zetkin qual lutou pela institucionalização da data…entre outros fatos históricos quais caracterizam esta potente trajetória. Não menos, desafiadora.
Ao direcionar este olhar crítico e atento à luta das mulheres, logo, visualizamos quais são às raízes profundas que precisam ser definitivamente arrancadas, assim como, quantos véus de ilusão precisam ser derrubados. Sendo, estás raízes e vendas, intimamente ligadas ao sistema estrutural patriarcal, machista, arcaica, conservadora e religiosa.
Neste processo, utilizar a comunicação como ferramenta para compreendermos o inconsciente coletivo que permeia esta realidade e potencializar a busca por maiores níveis de consciência, também, os colunistas do JTT, Ana Claudia de Souza, Marina Caixeta, Paulo Horta, Lino Peres e Sérgio Cardoso debateram nesta sexta-feira (3), sobre alguns aspectos ligados esta luta. Neste espaço, estas mulheres e homens juntos porque, afinal, todos, todas e todes nasceram de um ventre feminino.
Ceio familiar e luta feminina
Como ponto de partida, abordamos a luta feminina, em no nosso primeiro grupo de convívio social: a família. É neste espaço, que temos os primeiros contatos com padrões patriarcais, machistas, conservadores. Também, é neste espaço onde às principais desconstruções e ressignificações são extremamente importantes. Isto exige, compreensão e aceitação. Ou seja, se hoje temos maior consciência das consequências do sistema que a gente vive, neste contexto, relacionadas a presença feminina, em primeiro lugar temos que compreender que pais e mães que acabaram repassando estas marcas aos filhos, foi porque foi assim que aprenderam. Entende-se que, hoje, a responsabilidade é quebrar estes ciclos de violência, dominação e submissão.
Para a colunista e psicoterapeuta, cientista existencialista, Ana Claudia de Souza, deve-se considerar, principalmente, que não nascemos prontos. As personalidades são construídas. Por exemplo, vivências da criança, adolescente influenciam aquela mulher, homem ou transexual em formação. Portanto, existe a necessidade de consciência do que precisará ser desconstruído. Aqui, Ana reflete sobre a quebra do paradigma de que a mulher nasceu para cuidar dos filhos e da casa, sozinha. Mesma observação, que a colunista Marina Caixeta também fez em seu âmbito familiar.
Com a compreensão de que a gente se torna mulher e homem, o professor e colunista, Paulo Horta ao compartilhar sua observação, deixa claro como os ciclos são quebrados. Na sua família, no período da Ditadura Militar, Paulo viu sua mãe sendo violentada e isto o auxiliou em compreender que não era uma atitude a ser reproduzida.
Lino Peres, neste contexto, trouxe uma reflexão acerca do comportamento do seu pai. Mesmo, questionando o comportamento machista de outros homens de seus vínculos sociais, em casa, ele reproduzia o machismo com a esposa, mãe de Lino. Isto mostra, o quanto, tanto dentro das famílias, como na sociedade na totalidade existe a hipocrisia e incoerências que somadas, nada agregam a luta das mulheres, a luta pela igualdade entre feminino e masculino.
Ciclos de violências: lacunas abertas
Na última quinta-feira (02/03), um estudo intitulado Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que 45% das mulheres que vivenciaram violência não realizaram denúncia. Ao analisar este dano, Marina lembra do episódio de uma mulher estuprada e ao chegar para denunciar foi estuprada novamente pelo delegado no estado do Rio de Janeiro. A violência se tornou tão comum, que acaba sendo infelizmente banalizada. Não é levada a sério, porque ao que parece não há disposição social para resolver está problemática de forma mais ágil.
Durante o debate, também dialogamos sobre outros aspectos como, a destruição do meio ambiente na vida das mulheres, o tabu da sexualidade e a luta das profissionais do sexo.
Para assistir ao debate completo, acesse:
