50 anos Golpe no Uruguai Exposição no SUBTE

Por Duda Hamilton.

O Centro de Exposições SUBTE de Montevidéu, na Plaza Fabini, também conhecida como Plaza del Entrevero, na Avenida 18 de julho, reúne obras de 28 artistas contemporâneos do Uruguai, Argentina, Brasil, Colômbia, Chile e Paraguai. Cada um deles se expressa de uma forma. Ali admiramos fotografias, pinturas, esculturas, desenhos e vídeos instalações. Todos mostram, de forma sensível, os 50 anos do golpe dado na democracia uruguaia.

 Na entrada da exposição sobre os 50 anos do golpe militar no Uruguai somos recebidos pela palavra Silêncio/ Foto: Duda Hamilton

O conjunto das obras e as experiências que elas provocam nos levam ao passado e à valorização da liberdade. Aos descer as escadas do SUBTE, administrado pela Prefeitura de Montevidéu, o visitante é recebido com fotos em preto e branco de bocas abertas, que mastigam cada letra da palavra Silêncio, e emitem o som de martelo nos dentes, uma das tantas práticas de torturas utilizadas na época. A ditadura vigorou no Uruguai de 27 de junho de 1973 a 28 de fevereiro de 1985, instaurando no país 12 anos de terror.

Partidos políticos foram proibidos, meios de comunicação e sindicatos foram jogados na ilegalidade, ocorreram intervenção na educação e perseguições, prisões, desaparecimentos, além de diferentes formas de tortura.

O calendário de 1973 do artista visual chileno, Alfredo Jaar, se congela a partir do 11 de setembro, data do golpe que mergulhou o Chile numa violenta ditadura. Foto: Marta Magadan

É no subsolo da praça, em amplo espaço, que vivemos variadas experiências, como o impactante ladrilho hidráulico de rua, com dois pingos de sangue. Obra simples e profunda revelando quão violenta foi a ditadura.

Tudo faz refletir. Em sua primeira obra digital, a brasileira Regina Silveira discute o poder e o conflito. Mostra no centro da obra pessoas reunidas e delas saem sombras, retratando a atividade que desempenham. Uma delas vira tesoura, simbolizando a censura; outra, um revólver, sinônimo de violência. É por meio das sombras que a artista revela o verdadeiro caráter do encontro.

Fotos em preto e branco com nomes de ruas fazem uma crítica a palavras que não deveriam estar ali. Em uma delas se vê a placa Calle Pátria e escrito na parede Tiranos Temblad. Entre outras,  as ruas República e Libertad.

Com curadoria de Ionit Behar, Jorge Francisco Soto e Martín Craciun, a exposição está aberta de segunda a sábado, das 12h às 19h, com entrada livre e gratuita, até o dia 16 de setembro. Como toda a boa arte, convoca o visitante a refletir sobre o passado e qual o futuro que deseja, convidando-o a interagir através de um gigante quadro, onde se pode ler “El pasado es la llave para el presente” ou “Pra nunca mais esquecer”. Está em cada um de nós construir um futuro com memória, justiça e verdade sobre o passado.

Interagindo na Exposição dos 50 anos do Golpe Militar no Uruguai, foto de Rafael Lejtreger

Obra da brasileira  Regina Silveira discute o poder e o conflito/ Foto: Duda Hamilton

OS ARTISTAS

Alejandro Cesarco/Alfredo Jaar/Alicia Mihai Guasque/Amalia Pica/ Anaclara Talento Acosta/Ce Tao Vignolo/Cecilia Vicuña/Cinthia Marcelle & Tiago Mata Machado/Clemente Padín/Emilio Bianchic/Ernesto Vila/Federico Arnaud/Feliciano Centurión/Gabriela Golder/Hilda López/Jorge Caraballo/Juan Carlos Romero/ León Ferrari/Lenora de Barros/ Luis Camnitzer/ Margarita Paksa/Nelbia Romero/Nicolás Franco/Regina Silveira/Rivane Neuenschwander/Seba Calfuqueo/Teresa Vila.

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