11 de julho, um dia que vai entrar na história do movimento sindical catarinense

    11 de julhoOntem, dia 11, foi a vez dos trabalhadores ocuparem as ruas. Todos sem mascaras, carregavam suas bandeiras de lutas. Homens, mulheres, crianças, idosos, negros e índios. Trabalhadores do campo e da cidade, de norte ao sul do estado levaram para as ruas de SC a pauta dos trabalhadores.

    As principais cidades do estado tiveram sua rotina alterada no dia de hoje. Ruas vazias, poucos carros e pouco engarrafamento. Nos ônibus, nas praças só se ouvia falar das Manifestações dos Trabalhadores, alguns com dúvidas, outros com palavras de apoio. Mas em geral, conversas que ressaltavam a importância deste fato inédito em SC e no Brasil.

    Na região Sul, cerca de mil pessoas se concentraram na cabeceira da ponte de Laguna e perto das 15 horas, ocuparam as duas faixas da BR-101 deixando a rodovia bloqueada por menos de uma hora. “Foi um dia histórico para todos os trabalhadores, recebemos o apoio de toda a população que compreendeu a importância da nossa luta”, destacou Jucélia Vargas, Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SC.

    Na capital o ato começou cedo com assembleias de sindicatos por toda a cidade. Trabalhadores da Comcap ocuparam uma das vias da Ponte Pedro Ivo que dá acesso a Ilha. Seguiram em marcha até a Praça Tancredo Neves, onde estavam os demais servidores municipais de Florianópolis que paralisaram durante todo o dia. Na parte da tarde, cerca de 5 mil trabalhadores se reuniram na mesma praça e saíram em passeata pelo centro da cidade. O movimento passou pelos principais órgãos públicos para cobrar dos governantes uma outra política que valorize os trabalhadores e que dê acesso a melhores políticas públicas. “O  dia de hoje reuniu em Florianópolis setores importantes da classe da trabalhadora do campo e da cidade junto com a juventude. Fomos as ruas lutar exigir do governo Dilma, do governo Colombo, dos prefeitos da nossa região e dos patrões nossa pauta de reinvidicações. Um primeiro e importante passo foi dado na atual conjuntura, mas é necessário dizer que podemos fazer muito mais do que fizemos hoje. Certamente novas greves, paralisações e atos virão e nossa tarefa é intensificar a organização na base e aumentar nosso número nas ruas cobrando do governo o atendimento da nossa pauta e o que na minha opinião pode de fato passar o país a limpo: uma assembleia constituinte soberana para dar palavra ao povo para fazer as transformações de fundo em nosso país”, salientou Renê Munaro, Vice Presidente da CUT-SC.

    No norte do estado também aconteceu o bloqueio da BR-101, cerca de 1.500 trabalhadores ocuparam as duas faixas da rodovia e trancaram as pistas por 30 minutos.  “Hoje foi um dia histórico de união de todas as centrais sindicais a favor dos trabalhadores. Todos mais uma vez protagonizaram um dia de luta que não termina aqui. Caso não sejamos atendidos, vamos para Brasília cobrar do Senado e deputados federais que deem atenção a pauta da classe trabalhadora”, ressaltou Vilmar Osovsky, Secretário de Organização Política Sindical da CUT-SC.

    No oeste catarinense mais de dois mil trabalhadores se reuniram em frente a empresa BRF Foods que fica em Chapecó e marcharam por cerca de 5 quilômetros até o centro da cidade onde realizaram um grande ato. “Para nós trabalhadores e trabalhadoras que estamos constantemente nas ruas em busca de melhores condições de vida e de trabalho, lutando para ampliar nossos direitos e velando para que os já adquiridos não nos sejam tirados, foi hoje mais um dia de luta. O diferencial foi que além de nos juntarmos enquanto classe do campo e da cidade, como fizemos pela CUT nos juntamos com as demais centrais e movimentos populares e sociais. As bandeiras se misturaram e o grito era unitário por condições mais dignas de trabalho, por Reformas, especialmente Agrária e Política, pela Redução da Jornada de Trabalho sem redução de salário e assim por diante”, destacou Adriana Maria Antunes de Souza, dirigente da CUT-SC.

    Na região serrana trabalhadores e famílias do assentamento dos Sem Terra que fica em São Cristóvão do Sul, engrossaram o manifesto e um grande grupo concentrou-se na praça de pedágio em Correia Pinto e liberou todos os motoristas de pagarem a taxa de pedágio. A tarde, trabalhadores se reuniram no centro de Lages e fizeram uma caminhada pela cidade.

    E mais uma vez a classe trabalhadora, organizada pelas centrais sindicais, sai as ruas. Diferente de diversos outros manifestos organizados por sindicatos ou movimentos sociais o que chama a atenção é a aceitação da sociedade em geral para com a manifestação, diferente de outras vezes hoje as pessoas saiam na janela para fotografar e não para xingar, os carros abriam o vidro e apoiavam ao invés de mandar trabalhar, os trabalhadores do comercio faziam gestos de apoio ao invés de baixar o olhar como se estivessem com medo de serem percebidos pelos patrões apoiando uma manifestação. Talvez as manifestações do mês de junho está prestando esse serviço aos trabalhadores organizados que nunca saíram da rua e nunca adormeceram, o serviço de respeito para quem luta por melhores condições de vida para todos e todas.

    Fonte: Sílvia Medeiros – CUT/SC
    Foto: Clarissa Peixoto

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