Videoconferência “20 Anos sem Milton Santos” acontece neste sábado 29, Dia do Geógrafo

Foto: Reprodução em Jornal A Verdade

O Instituto Ignacio Rangel convida a todos para a videoconferência “20 Anos sem Milton Santos”  que será realizada no dia 29/05 as 18:30h no link abaixo, em comemoração ao dia do Geógrafo. As palestras serão realizadas pelos professores Armen Mamigonian (USP/UFSC) e José Messias Bastos (UFSC). Se inscrevam no Canal e acompanhem as atualizações.

Via João Vitor More.

Foto: Divulgação

Sobre o Livro Milton Santos: Correspondente do Jornal A Tarde 1950 – 1960

Foto: Divulgação

Organizadores: Maria Auxiliadora da Silva; Willian Antunes.
Florianópolis: IIG / GCN / CFH / UFSC, 2019. 527 pág. – (Série Livros Geográficos; VII)

A obra e o autor:

O VII livro da Série Cadernos Geográficos, intitulado Milton Santos: Correspondente do Jornal A Tarde 1950 – 1960, reúne os artigos do professor Milton Santos originalmente publicados pelo jornal “A TARDE” entre 1949 e 1963. Os artigos reunidos nessa obra, ajudam a decifrar seu percurso de geógrafo em construção, pois havia a pouco tempo se formado na conceituada Faculdade de Direito da Bahia, trilhando um duro e frutífero caminho de autodidata.

A rica obra que o livro apresenta foi reunida pelo trabalho hercúleo de Maria Auxiliadora da Silva e Willian Antunes. Filho de professores do ensino público do interior da Bahia, Milton Santos cursou ensino secundário de alto nível em Salvador, destacando-se no colégio a ponto de dar aulas particulares a alguns colegas. Realidade que permitiu renda extra para frequentar boas livrarias da cidade. Exerceu, logo, liderança estudantil (cabeça de chapa do PCB em diretoria estudantil), convivendo com a ebulição política da conjuntura da 2ª Grande Guerra. As suas experiências o levaram a assumir uma postura nacionalista, de esquerda, e uma visão otimista, que aparecem nos textos desse livro e em sua vida acadêmica, mesmo nas suas fases teóricas distintas, como em Por uma Geografia Nova (1978), e em A natureza do espaço (1996), diferentes uma da outra.
Os textos selecionados pelos organizadores foram classificados em nove capítulos, tal a variedade dos temas abordados. Começou-se com Estudos sobre a zona do cacau, região que deu origem ao primeiro livro consagrado de Milton Santos, terminaram com Visita a uma revolução, relatos sobre a viagem à Cuba em 1960, acompanhando Jânio Quadros e vários jornalistas brasileiros convidados, onde expõe suas impressões pessoais positivas e negativas.

A leitura do presente livro, obrigatório não só aos geógrafos, revela o cuidado de Milton Santos em ter uma visão a mais completa possível sobre os temas que abordava (correspondência com outros intelectuais sobre o tema que investigava, realização de observações in-loco, etc.).

Maria Auxiliadora e Willian chamam a atenção para as ideias expostas nos anos 1950 e que foram aprofundadas décadas depois: a geografia como uma “filosofia das técnicas”, por exemplo, também para os textos referentes à África e à Europa, que acrescidos aos de Cuba, criaram em Milton Santos a ideias de que os geógrafos brasileiros deveriam se desbruçar sobre o mundo todo, demonstrando maturidade e independência em relação à geografia do centro do sistema capitalista.

Tendo falecido em junho de 2001 aos 75 anos, Milton Santos foi considerado o nome mais consagrado da geografia humana brasileira e um dos mais consagrados do mundo. Por ocasião de seu falecimento, Aziz Ab’Saber assinalou Milton foi um filósofo da geografia comprometido com a sociedade e com os excluídos. Antônio Cândido lembrou que nos trabalhos de Milton o rigor científico nunca havia sido obstáculo a uma consciência social desenvolvida e profundamente arraigada nos problemas do Brasil. Celso Furtado afirmou que Milton possuía um pensamento muito rico e abrangente, com amplitude de vista e percepção dos problemas maiores da sociedade.

Em Milton Santos há um combate radical ao imperialismo, sendo a globalização sua etapa suprema, diferindo da visão açucarada de D. Harvey (Condição pós-moderna), que nega a existência das relações centro-periferia. Milton teve a coragem de apontar China e Índia como países inseridos de forma ativa e não passiva na chamada globalização e afirmou que “não é verdade que a China esteja se tornando capitalista, podendo se utilizar do capital sem ser capitalista”. Intelectuais como Milton Santos, com raízes naturais e populares, nas regiões e países atrasados, são fundamentais para contrapor a tendência ao pensamento único e a perda do espírito crítico que levam ao fim da intelectualidade sob o capitalismo avançado.

A melhor contribuição à memória de Milton Santos é menos endeusá-lo, mas estudá-lo, decifrá-lo, assimilá-lo, criticá-lo, como se faz com os grandes pensadores. Eis a tarefa dos seus verdadeiros admiradores (Armen Mamigoian).

Sobre o evento:

Nesse sábado, 29-05, as 18:30h a videoconferência em homenagem aos 20 anos que Milton Santos nos deixou procura retratar a trajetória do mestre baiano em suas idas e vindas em Santa Catarina, realizando diversos cursos, conferências, palestras em inúmeras Semanas de Geografia (SEMAGeo) na Universidade Federal de Santa Catarina, além de participar em bancas de mestrado e doutorado nos programas de Pós-graduação. Vale lembrar que sua ativa participação na Geografia de Santa Catarina, possibilitou o mestre baiano, na ocasião do IV Encontro Nacional de Pós-graduação em Geografia realizado em Florianópolis, o cargo de primeiro Presidente com o nascimento da Associação de Pós-graduação em Geografia (ANPEGE).

Como adquirir o livro?

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