Via Campesina escreve manifesto sobre a nomeação de Marcelo Recktenvald para a reitoria da UFFS

  1. Desde a década de 80 que nós, dos Movimentos da Via Campesina, lutamos pela criação de uma Universidade Federal no interior do Sul do Brasil. Foram longos anos defendendo o direito de milhares de jovens camponeses de acessar o ensino superior sem necessitar se deslocar da região para os grandes centros urbanos. Nesta reivindicação marchamos ao lado de muitas entidades para que se instalasse na região uma Universidade pública, gratuita e de qualidade.
  2. Em 2009, após um intenso processo de luta coletiva, debates, audiências, recolhimento de assinaturas e uma série de movimentações, o Governo Federal assinou a criação da Universidade Federal da Fronteira Sul, instituição que muito nos orgulha e nos alça esperança em um futuro melhor para a juventude do interior brasileiro, historicamente desprovida de políticas públicas.
  3. A UFFS, portanto, é resultado da organização do povo em prol do interesse comum. Desde sua criação a UFFS se propõe a ser uma instituição de ensino pública, democrática e popular, acessível aos filhos e filhas da classe trabalhadora, desenvolvendo ensino pesquisa e extensão de qualidade, de forma a atender às demandas da comunidade regional dos territórios em que está inserida.
  4. Diante disto, é com imensa inconformidade que nos deparamos com o Decreto publicado no dia de hoje, 30 de agosto de 2019, pelo Presidente Jair Bolsonaro, nomeando o professor Marcelo Recktenvald como novo Reitor da UFFS. Um completo e inaceitável desrespeito à autonomia universitária e ao próprio processo eleitoral ocorrido no primeiro semestre deste ano, no qual o referido professor obteve apenas 21,43% do resultado, ficando atrás de outras duas chapas candidatas.
  5. Sendo assim, não nos resta outra postura que não seja denunciar nossa irrestrita indignação com esta medida autoritária, ditatorial e ofensiva aos milhares de estudantes, técnicos e professores que fazem a UFFS acontecer no dia-dia.
  6. Convocamos toda a população de Cerro Largo, Passo Fundo, Erechim, Chapecó, Laranjeiras do Sul, Realeza e regiões próximas, os sindicatos de trabalhadores das diversas categorias, as associações de moradores, as dioceses, as paróquias, e demais movimentos sociais e populares para se fazerem presentes nos campi da UFFS nos próximos dias para em conjunto construirmos a força necessária e impedir que tal decisão se consolide, atacando os princípios democráticos basilares da UFFS.
  7. Exigimos respeito à eleição ocorrida em abril e maio de 2019 e defendemos que o Reitor da UFFS a ser nomeado deve ser o candidato da chapa vencedora: o Professor Anderson e Ribeiro e a Professora Lísia Ferreira, que foram eleitos com 54% dos votos válidos no segundo turno pela comunidade universitária para assumir o posto máximo na Universidade.
  8. E, por fim, sinalizamos que seguiremos firmes na luta por uma Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade! Que não mediremos esforços na defesa de um projeto popular de Universidade que sirva aos interesses da emancipação do nosso povo.

Em Defesa da Autonomia Universitária na UFFS! Em Defesa da Educação Pública!

Assinamos, Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB Movimento de Mulheres Camponesas – MMC Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

Pastoral da Juventude Rural – PJR Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF.

Via Campesina Paraná Via Campesina Santa Catarina Via Campesina Rio Grande do Sul

Chapecó/SC, 30 de agosto de 2019.

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