Triunfo do SIM em referendo egípcio abre novas questões

Cairo, 16 dez (Prensa Latina) Os partidários do sim no referendo constitucional egípcio saíram vitoriosos da primeira rodada de votação, que se estendeu até tarde ontem à noite, conforme os resultados parciais difundidos hoje.

O projeto de Carta Magna foi aprovado por quatro milhões 595 mil 311 votantes, 56,50 por cento dos que exerceram seu direito ao sufrágio; três milhões 536 mil 838 disseram não, conforme um comunicado.

A quantidade de pessoas para exercer o voto é de 51 milhões, em uma população estimada em 83 milhões de pessoas, das quais mais de 17 milhões residem nesta capital, segundo estatísticas.

A nota aclara que os resultados finais só serão divulgados no próximo sábado 22, a segunda data da consulta, ensombrecida por alegações de fraude vertidas pelos membros da Frente de Salvação Nacional (FSN) que agrupa a entidades opostas ao presidente Mohamed Morsi.

Das 10 províncias nas quais se realizou a primeira fase de votação, só duas, Cairo e Gharbiya, se manifestaram contrários ao texto, com 56,9 a primeira e 52,13 a segunda.

Nas restantes oito, as margens variam entre 79 por cento pelo sim em Sohag, e o 55,1 a favor e o 44,9 adversos em Daqahliya, o mais apertado.

Conforme dados oficiosos, a assistência às urnas foi superior a 60 por cento.

Para o próximo sábado 22 estão convocados às urnas os sufragantes de 17 províncias.

Os resultados evidenciam a crescente fratura na sociedade egípcia, dividida entre partidários e adversários do presidente Morsi, acusado de manobrar para impor uma Constituição que permite a violação dos direitos das mulheres e das crianças e não tem em conta os interesses de minorias confessionais e étnicas e de setores laicos da população.

Quase três semanas de protestos públicos desde que o 22 de novembro passado o mandatário assumiu faculdades omnímodas às quais renunciou dias depois em um gesto conciliatorio desestimado pelo FSN, deixaram entre nove e 17 mortos, segundo dados discordantes e para perto de um milhar de feridos.

A oposição laica demanda a eleição de uma nova Assembléia Constituinte e a adoção por consenso de um projeto de Carta Magna, a diferença do que está sendo votado, no qual os delegados islamistas impuseram artigos que tendem a islamizar a sociedade, segundo denúncias.

Durante as últimas sessões da constituinte, vários delegados laicos e de sindicatos abandonaram os trabalhos em protesto pelo que qualificaram de imposições de seus homólogos islamistas apoiados em sua maioria numérica.

Os resultados do sufrágio a véspera abrem um novo compasso de espera durante o qual é provável que o FSN fortaleça sua campanha pelo não e continue as denúncias de ilegalidades e pressões contra seus seguidores por parte dos membros de entidades islamistas, que as refutam.

Nesse contexto, a tarefa dos seguidores do presidente será demonstrar a limpeza da consulta, que estavam seguros de ganhar, como adiantou em seu momento o premiê, Hicham Qandil.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.