Tacla Durán acusa vazamentos do MPF como estratégia incisiva

“Eu me senti constrangido, aquilo parecia mais uma extorsão”, afirmou o advogado Rodrigo Tacla Durán, em referência a troca de mensagens com o advogado Carlos Zucolotto, em que demonstra uma tentativa de negociação para reduzir o valor da multa que seria paga por Durán em um acordo de colaboração com a Procuradoria, em troca de aumentar em R$ 5 milhões os honorários advocatícios de Zucolotto.

O GGN e o DCM anteciparam parte das declarações do advogado [leia aqui] aos parlamentares, que está sendo realizada na manhã desta quinta-feira (30). Tacla Durán explicou que tirou uma fotografia, por meio de outro celular, das mensagens trocadas com Zucolotto e que passou por perícia para comprovar que a imagem não foi manipulada.

Ainda entre as acusações, Durán mostra preocupações com algumas táticas adotadas pelos procuradores da Lava Jato em suposto conluio com o jornal O Estado de S. Paulo, pelo colunista Fausto Macedo. Cita o episódio em que o advogado foi prestar depoimento às autoridades norte-americanas, em uma reunião em Washington, e os procuradores já tinham em mãos a íntegra de um depoimento em sigilo que teria sido vazado pelo MPF brasileiro ao jornal.
“Para a minha surpresa, no dia em que chego a Washington para a minha primeira reunião, tem o vazamento com cópia na íntegra do depoimento do senhor Vinicius Morin, que é o laranja da Odebrecht no Meinl Bank e Antigua [Overseas, tomado pelo procurador Orlando Martelo”, contou.
“No dia que chego em Washgton, a cópia do depoimento dele vazou no Estado de S. Paulo, no blog do Fausto Macedo, na íntegra. Os procuradores americanos já tinham a cópia traduzida da matéria. Isso, considerando o fuso horário, eu cheguei a conclusão que eles leram o Estado de S. Paulo antes do Washington Post”, completando: “Esse vazamento, pela coincidência de dados e por eles terem conhecimento foi nitidamente para me prejudicar nas negociações, eles [procuradores brasileiros] não queriam que o meu acordo nos Estados Unidos saísse. Nem eles, nem a Odebrecht”.
Entre as outras revelações dadas pelo ex-advogado da Odebrecht à CPMI da JBS, que teve início nesta manhã e segue no Congresso, destacou também a afirmação de que a força-tarefa da Operação Lava Jato omitiu contas de  investigados no exterior.
O objetivo, segundo ele, seria que os recursos não fossem bloqueados, ainda sem descrever detalhes das motivações que levariam os procuradores da República a ignorarem tais contas secretas. Entretanto, da mesma forma como apontou nos casos anteriores, Durán narrou os indícios de forma a gerar o raciocínio lógico dos ouvintes, neste caso, os parlamentares.
Como exemplo de contas no exterior que teriam sido ignoradas pelos investigadores da força-tarefa, o advogado citou a do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Ambos acusaram, em suas delações premiadas, de receberam propina relacionada à campanha eleitoral da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014. Esse foi um dos casos das atuações de advogados chamados de “panela de Curitiba”, que têm bom trânsito junto aos investigadores.
Em outro assunto já adiantado pelo especial do GGN em parceria com o DCM, Durán reafirmou aos congressistas que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve ter usado documentos manipulados na segunda denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer (PMDB).
“Todas as provas que foram obtidas ou utilizadas a partir do Drousys, elas padecem de vício, são nulas pela movimentação, alteração e manipulações externas antes, durante e depois do bloqueio realizado pelas autoridades suíças”, afirmou, em referência ao sistema digital utilizado pela Odebrecht para registrar transações financeiras, que incluíam propinas.
Tacla Durán também lembra que o sistema Drousys foi bloqueado pelas autoridades suíças em março do ano passado, sem a possibilidade de modificações. Entretanto, segundo ele, o arquivo teria sido manipulado, em sua tese, pela Odebrecht para saciar as intenções do MPF sobre trechos que precisariam ser comprovados de delações premiadas.
Questionado se o ex-PGR teria atuado de forma proposital, Durán respondeu que não acredita que Janot “estava mentindo”, mas que “ele de fato obteve aquele documento dentro do Drousys, isso indica que o sistema estava manipulado depois do bloqueio”. “É um documento falsificado”, completou.

Fonte: Jornal GGN

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