Revelação de políticos com “offshore” começa por Maggi e Meirelles

Por Fernando Brito.

O jornalista Fernando Rodrigues começou a divulgar em seu site Poder360 os dados dos arquivos da Appleby. uma empresa que faz serviços semelhantes à famosa Mossack Fonseca, do Panamá: abrir empresas “secretas”, em países onde a legislação protege o anonimato dos proprietários. A Appleby tem escritórios em uma dezena de paraísos fiscais:  Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Cayman  nas  Guernsey, Man, , Jersey, Mauritius ,  Seychelles (todas ilhas, também),  Hong Kong e Xangai.

Os dados foram cruzados com os nomes de 79 mil brasileiros, a maioria políticos, mas também juízes, promotores, e 60 mil servidores ou ex-servidores de segundo e terceiro escalão do governo federal.

Os dois primeiros a cair na “malha fina” do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos – um ente meio estranho, que só admite dar conhecimento dos arquivos aos jornalistas que seleciona- foram os ministros Blairo Maggi e Henrique Meirelles.

Maggi aparece como beneficiário de uma offshore aberta nas Ilhas Cayman, em 2010, em sociedade com a Louis Dreyfus, uma das gigantes do mercado mundial de commodities. O ministro, como se sabe, é um dos reis da soja brasileira.O Ministro da Agricultura diz que é “beneficiário indireto”, porque não é ele, mas a empresa de sua família quem é sócia da  offshore.

Tributaristas ouvidos pelo site dizem que “a participação acionária na empresa brasileira foi declarada à Receita Federal. Essa legalidade, entretanto, refere-se ao fato de que Maggi afirma que não recebeu dividendos diretamente da empresa offshore, mas apenas do seu empreendimento principal, no Brasil”.

Já Henrique Meirelles abriu um trustee – fundo semelhante aos abertos por Eduardo Cunha – nas Bermudas, em 2002. Segundo o Ministro, a “The Sabedoria Foundation” foi criada para receber a sua herança e, diz ele, usar em atividades filantrópicas no Brasil. Em nota dirigida ao site, Meirelles diz que “a constituição da Sabedoria foi concebida quando eu dirigia uma organização internacional e morava nos Estados Unidos e, por isso, foi feita dessa forma”.

Os documentos, entretanto, mostram que a “entidade filantrópica” – como Meirelles que que seja chamada e o documento apresentado por Rodrigues indica como finalidade declarada – foi registrada no dia 23 de dezembro, quando ele já havia sido eleito deputado federal, pelo PSDB de Goiás, e indicado por Lula para presidir o Banco Central do Brasil. Há, porém, menção à data de 9 de dezembro como sendo a da carta autorizando a criação do trustee.

Não há, ao menos com os dados expostos por Rodrigues, ilegalidades nas duas contas. Mas, convenhamos, offshore e trustee são palavras que, na atual conjuntura, complicam a vida de qualquer um na política.

 

Fonte: Tijolaço.

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