Retrospectiva: O massacre de Suzano e a “comunicação” segundo Guigo Ribeiro


Museu da Tragédia

Por Guigo Ribeiro, para Desacato.info.

Queridos e queridas. Vocês, estudantes, trabalhadores e afins. Sedentos por informação, novidades. Cheguem mais próximos, por favor. Há muito para ver nessa velha exposição e, por certo, a experiência fará de suas vidas algo novo ao cruzar a porta de saída. Por favor, liguem seus celulares e boa visita. Ah… fiquem à vontade para comentários, sugestões e, caso muito tocados, eventuais julgamentos. Aqui Deus não entra, logo, julgue o próximo tal como se aproveita rodízio de pizza barato. Podemos adentrar cada uma dessas obras e nos permitir explorá-las. Ou não. Caso sim, vejam bem, elas são verdadeiros espetáculos e, o melhor, feito pelas mãos de gente comum. Pessoas que nem sabem, mas muito contribuem para a expansão e enriquecimento de nosso acervo. Além de nosso próprio enriquecimento. Óbvio! Caso não, tenho uma proposta melhor. Se a questão, na pressa de uma visita objetiva visto que nossos celulares gritam o próximo compromisso, iremos direto à principal obra. Tudo bem? Assim, após a self e desejo de preenchimento cultural realizado, retornem e degustem o restante. Opção dois, certo? Gente apressada é tudo de bom e é o hoje. Vamos!

Objetivamente! Muito objetivamente! Aqui, senhoras e senhores, a principal. Seu nome é O Massacre e a mesma é de 2019. A obra foi realizada ainda essa semana pelas mãos de duas pessoas. Notem o vermelho no chão, as marcas de balas, os corpos. Houve certa polêmica em nossa instituição. Explico.  Pessoas sem qualquer ética se meteram a divulgar por aí as fotos sem o menos considerar a exclusividade nossa frente ao caso. A internet é a internet e sua fome não permite conversa, entretanto foi nossa esperança outra conduta. Na ausência da mesma, seguimos. Para fins de maior profundidade na obra, o perfil de ambos responsáveis. Notem suas vidas, questões pessoais, apreço por armas. Notem também como foram maravilhosamente bem captadas as imagens das vítimas momentos antes do evento. Repare os olhos, a correria, o pavor e a tentativa desesperada para não fazer parte dessa nova exposição. Por sorte nossa, não conseguiram. E sorte deles também que, num ato de extrema bondade, são seus alimentos agora. Aproveitem. Do lado de cá, notem que a obra se completa quando a técnica é refinada usando dos familiares fragilizados em depoimentos perdidos. Essa obra tem um bônus do governador que ofereceu quantia de grana como forma de agradecimento. Vou deixar um momento para impressões pessoais e me avisem qualquer dúvida. Lembrando que a realização da mesma só foi possível graças aos brilhantes parceiros que tanto nos ajudaram divulgando, invadindo, enfim, permitindo este espetáculo. Obra principal apresentada, agradecemos a atenção. Retornem seguindo as luzes e aproveitem o restante. No final do corredor há o massacre da Nova Zelândia, mortes pelas mãos da polícia no Brasil, exposição dos arquivos sobre a relação entre milícia e os garotos, além de cupons para descontos na compra de armas. Só online, tá ok? Nos visite no site e baixem o nosso aplicativo.Ele foi atualizado e conta com uma novidade maravilhosa: a voz do Datena. Lá tem tudo.

Imagem: Kai Kalhhde Pixabay

Guigo Ribeiro é ator, músico e escritor, autor do livro “O Dia e o Dia Que o Mundo Acabou”, disponível em Clube de Autores.
Guigo Ribeiro é ator, músico e escritor, autor do livro “O Dia e o Dia Que o Mundo Acabou”, disponível em Clube de Autores.

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